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Agronegócio

Preço do Milho atinge maior valor em três anos no Brasil: o que isso significa para o mercado agrícola?

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O preço do milho no Brasil atingiu o maior valor desde 2022, gerando uma pressão sobre os custos de produção de frango, suínos e ovos. Durante a última semana, o Indicador de Preço ESALQ/BM&FBovespa, com base em Campinas (SP), superou os R$ 90 por saca, valor não registrado desde abril de 2022. Em janeiro deste ano, o indicador estava em R$ 72,94, e há um ano, em R$ 62,62.

A forte alta do milho, um dos principais componentes da ração animal, impacta diretamente os custos nas indústrias de proteína animal. Segundo Ênio Fernandes, analista da Terra Agronegócios, o aumento no preço do milho já era esperado desde o início do ano, em virtude de uma combinação de fatores, como a alta demanda das indústrias de carnes e usinas de etanol, com uma oferta escassa.

O primeiro semestre do ano é tradicionalmente marcado por uma menor disponibilidade do cereal no país, o que agrava ainda mais a pressão sobre os preços. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê um aumento de 8,3% na produção de milho da safra 2024/25, estimando 24,8 milhões de toneladas, porém, os atrasos na colheita em estados produtores, como Santa Catarina e Minas Gerais, têm dificultado a oferta do produto. Em Santa Catarina, por exemplo, a colheita do milho alcançou 62% da área até 17 de março, enquanto na média dos últimos cinco anos, o índice era de 72%.

Além disso, os estoques iniciais da temporada 2024/25 são baixos, somando 2,04 milhões de toneladas, contra 7,2 milhões de toneladas da safra 2023/24. Glauber Silveira, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), atribui a valorização do milho à entressafra, que, somada à disputa comercial entre os EUA e a China, tem aumentado a pressão sobre os preços. Embora a China não seja um grande comprador do milho brasileiro, ela já foi um dos maiores parceiros comerciais do país no setor.

Silveira observa que, embora a demanda mundial esteja aquecida, não há falta de milho no mercado interno, mas sim uma dificuldade no escoamento devido ao alto custo logístico e à concorrência com a soja. O andamento da safra recorde de soja no Brasil tem reduzido a movimentação de milho, uma vez que a logística para transportar os grãos é cara e muitas vezes não compensa.

Leandro Guerra, da LC Guerra Corretora de Cereais, acrescenta que a falta de participação de outros agentes no mercado de milho, devido à concentração de recursos na soja, também tem contribuído para as altas expressivas. Em São Paulo, o preço já ultrapassa os R$ 100 por saca, mais impostos.

Os analistas acreditam que o preço do milho pode sofrer uma desvalorização com a chegada da safrinha, prevista para julho, o que deve aliviar as pressões de custo. Contudo, até lá, é pouco provável que o preço ultrapasse os patamares atuais. “O teto para os preços é próximo, a não ser que ocorram problemas climáticos para a safrinha”, afirma Ênio Fernandes.

De acordo com Cláudia Scarpelin, pesquisadora de ovos do Cepea, o preço do milho tem gerado preocupações entre os produtores de ovos, já que a alta nos custos é um fator de grande impacto no setor.

Fonte: portaldoagronegocio

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