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O Brasil vem ampliando sua base de fornecedores de gás natural liquefeito (GNL), apesar de os Estados Unidos ainda liderarem as exportações ao país. Segundo levantamento da StoneX, com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a participação dos EUA caiu de 85% no primeiro semestre de 2024 para 55% no mesmo período de 2025 — uma retração superior a 35%.
Redução nos volumes dos EUA e novos protagonistas no mercado
A analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Isabela Garcia, destaca que as exportações americanas recuaram de 5,9 milhões de metros cúbicos por dia em 2024 para 2,7 milhões m³/dia neste ano. Essa diminuição abriu espaço para países como Reino Unido, Trinidad e Tobago e Camarões, que ganharam relevância no fornecimento ao Brasil. No semestre, o Reino Unido representou 24,6% das importações brasileiras, Trinidad e Tobago 10,8% e Camarões 8,8%.
Mercados tradicionais ausentes e aumento da oferta interna
Países que exportavam para o Brasil, como Espanha, Nigéria e Qatar, não registraram embarques em 2025. O relatório da StoneX aponta que um dos motivos para a menor demanda por importações é o aumento de 20% na oferta interna de gás natural. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que o volume comercializado internamente passou de 47 milhões m³/dia em março para 56 milhões m³/dia entre abril e maio.
Isabela Garcia explica:
“As importações podem continuar pressionadas, já que o fornecimento externo tem sido usado principalmente para compensar variações pontuais na produção interna e para atender à demanda das termelétricas.”
Importações de gás natural atingem menor nível desde 2022
No primeiro semestre de 2025, as importações totais brasileiras de gás natural caíram 16% em relação a 2024, atingindo uma média diária de 17,2 milhões de metros cúbicos — o menor patamar desde 2022. A queda é puxada pela redução nas compras de GNL, que passaram de 7 milhões m³/dia para 4,8 milhões m³/dia.
Também houve retração nas importações pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), que operou com média de 12,4 milhões m³/dia, recuo de 8,5% na comparação anual. A StoneX atribui essa queda a fatores como menor excedente exportável da Bolívia e possível redução da demanda doméstica em segmentos “cativos” no país.
Potencial retomada das importações com maior uso de termelétricas
Apesar da retração no semestre, o cenário pode se modificar nos próximos meses. O aumento no acionamento das usinas termelétricas desde abril tem elevado a demanda por GNL, já que o mercado interno não responde rapidamente a picos de consumo.
Isabela Garcia observa:
“A atividade das termelétricas tem superado os níveis de 2024, com julho se aproximando dos patamares de dezembro do ano passado. Isso pode impulsionar o crescimento das importações de GNL no segundo semestre.”
Ela, porém, alerta que o avanço pode ser limitado pelo aumento da oferta interna e pelo consumo moderado em outros setores, tendência observada no segundo trimestre.
Fonte: portaldoagronegocio