O setor de leite brasileiro apresentou crescimento significativo em 2024, com alta de 3,67%, superando a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mesmo diante de um cenário desafiador, marcado por inflação nos alimentos e forte concorrência, o segmento demonstra resistência e inovação, conforme levantamento da Equus Capital.
Expansão no Setor de Laticínios e Comércio Varejista
Em 2024, o setor fechou o ano com um saldo positivo de 1.792 novas empresas — ou seja, mais aberturas do que fechamentos. O destaque ficou para o subsetor de Comércio Varejista de Laticínios e Frios, que registrou 957 aberturas líquidas, representando um aumento de 3,3% em relação a dezembro de 2023. Esse crescimento reflete a maior demanda por produtos frescos, regionais e artesanais, que têm conquistado prêmios internacionais e reconhecimento no mercado.
Indústria de Laticínios: Diversificação e Produtos de Valor Agregado
Na indústria, a Fabricação de Laticínios também apresentou crescimento, com 266 aberturas líquidas, apesar da oscilação dos preços do leite e dos custos operacionais elevados. Segundo Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, empresas que diversificam o portfólio e investem em produtos de maior valor agregado — como queijos finos e manteigas artesanais — conseguem manter a rentabilidade e crescer em um mercado desafiador.
Segmento de Sorvetes em Alta
O subsetor de Comércio Atacadista de Sorvetes cresceu com 386 aberturas líquidas, impulsionado pela demanda em regiões turísticas e centros urbanos em expansão. A necessidade de cadeias de frio eficientes e logística ágil tem sido essencial para esse crescimento. Além disso, a Fabricação de Sorvetes e Gelados registrou 165 aberturas líquidas, com destaque para a inovação em sabores, embalagens e fortalecimento das vendas digitais. Marcas regionais focadas em nichos de consumo têm se destacado neste segmento.
Setores com Crescimento Moderado ou Recuo
Nem todos os subsetores acompanharam a tendência de expansão. O Atacadista de Leite e Laticínios teve crescimento mais tímido, com apenas 44 aberturas líquidas, influenciado pela concentração de grandes empresas e necessidade de capital de giro elevado. Já a Preparação do Leite registrou retração, com 26 fechamentos líquidos, uma queda de 2,3% em relação ao ano anterior. Esse segmento sofre com exigências regulatórias rigorosas e aumento dos custos, o que dificulta a sobrevivência de pequenos produtores.
Perspectiva do Mercado
O consumidor brasileiro tem demonstrado preferência crescente por produtos frescos, regionais e artesanais, o que impulsiona a abertura de empórios e minimercados. Atualmente, o setor lácteo nacional conta com mais de 50 mil estabelecimentos ativos, evidenciando a dinâmica e a necessidade de constante inovação para acompanhar as mudanças no mercado.
Felipe Vasconcellos ressalta: “Mesmo em um ambiente de renda pressionada e custos elevados, o setor avança consistentemente graças à demanda por produtos diferenciados e de alta qualidade, reflexo do trabalho e reconhecimento alcançados por algumas empresas ao longo dos anos.”
Esta resiliência do setor lácteo reforça sua importância dentro do agronegócio brasileiro, mostrando que inovação e adaptação são caminhos essenciais para superar os desafios econômicos e conquistar o consumidor moderno.
Fonte: portaldoagronegocio