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Everson de Souza
Nas últimas semanas, o Indicador de Preços do Feijão, calculado pelo Cepea em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), registrou pressão negativa sobre os valores do grão. O cenário é resultado da intensificação da colheita nas principais regiões produtoras e da retração nas compras por parte dos empacotadores.
Oferta elevada e comercialização focada na renovação de estoques
O aumento da oferta no campo, aliado à concentração das vendas voltadas para a reposição de estoques, tem provocado desvalorização tanto nos feijões comerciais quanto nos lotes de melhor qualidade.
Abrangência do indicador de preços
O indicador acompanha a média dos preços do feijão preto e carioca nos estados de Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e oeste da Bahia. Os dados são atualizados diariamente e estão disponíveis no site do Cepea.
Situação regional da colheita
Em Minas Gerais e Goiás, a colheita do feijão carioca avançou em meio a uma demanda mais tímida. No Paraná, principal produtor de feijão preto, a segunda safra está praticamente colhida, com produção estimada em 526,6 mil toneladas, 23% abaixo do volume da safra anterior.
Feijão Carioca: queda significativa nos preços das melhores qualidades
Os feijões nota 9, que representam as melhores qualidades, sofreram quedas de preços entre 7,8% e 12% nas praças de Goiás, Minas Gerais e São Paulo na última semana. Goiás registrou as maiores baixas, atingindo os menores valores do ano. Em Minas e São Paulo, apesar da recente retração, ainda há ganhos acumulados em 2025.
Preços dos feijões comerciais continuam pressionados
Os feijões comerciais (notas 8 e 8,5) seguem com preços pressionados devido aos estoques remanescentes e à chegada de novos lotes. Nas regiões produtoras do Paraná e São Paulo, a média semanal caiu cerca de 3,7%. Curitiba (PR) teve queda mais expressiva de 12,23%, com a saca passando de R$ 175,53 para R$ 154,07.
No Triângulo Mineiro, o recuo foi mais moderado, de 3,2%, com a saca cotada a R$ 167,50. Já na região Noroeste de Minas, a cotação subiu 4,67%, enquanto no nordeste do Rio Grande do Sul houve alta de 5%, impulsionadas pela procura por feijão da safra nova.
Feijão Preto: ritmo lento e preços estáveis ou em queda
No feijão preto tipo 1, apesar do término da colheita no Sul, o volume disponível ainda é alto, limitando reação dos preços. Em Curitiba, a saca caiu 1,2%, para R$ 140,47, e na metade Sul do Paraná, houve baixa de 2%, com preço a R$ 131,15. No oeste catarinense, os valores se mantiveram estáveis, em torno de R$ 134,25 por saca.
Orientação para produtores
Tiago Pereira, assessor técnico da CNA, alerta para a necessidade de planejamento e atenção à qualidade e demanda. “O mercado está muito sensível à oferta, com preços pressionados mesmo em praças tradicionalmente firmes. Produtores que investem em qualidade, colheita e armazenagem conseguem se diferenciar, mas é essencial estar atento aos sinais de demanda”, destacou.
Acompanhamento dos preços
Os preços médios regionais podem ser consultados diariamente no site do Cepea e também pelo canal do Cepea no WhatsApp.
Resumo
O mercado do feijão enfrenta queda de preços devido ao aumento da oferta e à retração nas compras. Enquanto algumas regiões apresentam queda expressiva, outras registram estabilidade ou leve alta, especialmente para produtos da safra nova. Em meio a esse cenário, o planejamento e o cuidado com a qualidade são fundamentais para os produtores manterem competitividade.
Fonte: portaldoagronegocio