O mercado do milho segue enfrentando dificuldades para avançar nas principais regiões produtoras do Brasil. Enquanto os preços permanecem estáveis no campo, a lentidão da colheita, os impasses entre produtores e compradores e o avanço da colheita da segunda safra contribuem para um cenário de comercialização travada. Nos mercados futuros, tanto na Bolsa Brasileira (B3) quanto em Chicago (CBOT), as cotações encerraram a quinta-feira (26) em queda, pressionadas pelas expectativas de boas safras nos Estados Unidos e no Brasil.
Rio Grande do Sul: preços firmes e colheita lenta travam negociações
De acordo com informações da TF Agroeconômica, o mercado gaúcho continua sem dinamismo devido à lentidão da colheita. Os preços seguem estáveis nas principais praças:
- R$ 66,00/saca em Santa Rosa e Ijuí;
- R$ 67,00 em Não-Me-Toque;
- R$ 68,00 em Marau e Gaurama;
- R$ 69,00 em Seberi;
- R$ 70,00 em Arroio do Meio, Lajeado e Montenegro.
Mesmo com ofertas entre R$ 66,00 e R$ 68,00 no interior, os vendedores mantêm posição firme e resistem a reduzir os preços, o que impede o avanço das negociações.
Santa Catarina: recorde de safra não se traduz em fluidez de mercado
Apesar da safra histórica, a comercialização também está paralisada em Santa Catarina. No Planalto Norte, os pedidos seguem em R$ 82,00/saca, enquanto as ofertas não ultrapassam R$ 79,00. Em Campos Novos, o cenário é semelhante, com produtores pedindo entre R$ 83,00 e R$ 85,00, frente a ofertas CIF que não passam de R$ 80,00.
A média estadual está em R$ 71,00, mas os valores variam entre as regiões:
- R$ 72,70 em Joaçaba;
- R$ 77,13 em Chapecó;
- R$ 62,00 em Palma Sola (Coopertradição);
- R$ 66,00 em Rio do Sul (Cravil).
Paraná: clima instável exige cautela e mercado segue travado
No Paraná, o impasse entre produtores e compradores segue inalterado. A instabilidade climática leva os produtores a manterem os preços firmes, enquanto os compradores adotam postura mais cautelosa. Nos Campos Gerais, o milho disponível é ofertado a R$ 76,00/saca FOB, com negócios pontuais a R$ 80,00, enquanto as ofertas CIF para junho giram em torno de R$ 73,00, destinadas à indústria de rações.
Mato Grosso do Sul: mercado fraco e preços em queda
Com o avanço lento da colheita da segunda safra, os preços no Mato Grosso do Sul continuam recuando:
- R$ 47,80/saca em Dourados;
- R$ 52,00 em Campo Grande;
- R$ 50,00 em Maracaju;
- R$ 53,00 em Sidrolândia;
- R$ 47,33 em Chapadão do Sul, após forte queda anterior.
B3 e Chicago: cotações recuam com clima favorável e expectativa de safra robusta
Na B3, os contratos futuros do milho encerraram a quinta-feira (26) em queda:
- Julho/25 fechou a R$ 63,95, recuo diário de R$ 0,36, embora ainda acumule alta de R$ 0,88 na semana;
- Setembro/25 encerrou em R$ 66,79, queda de R$ 0,25 no dia e R$ 0,89 na semana.
A valorização do real frente ao dólar enfraquece a competitividade do milho brasileiro no mercado externo, aumentando a pressão sobre os preços internos.
Em Chicago, os contratos também renovaram mínimas dos últimos meses:
- Julho caiu 0,18% (US$ 0,75 cents), fechando em US$ 409,50/bushel;
- Setembro recuou 0,25% (US$ 1,00 cent), encerrando em US$ 404,00/bushel.
O mercado repercute a expectativa de que o próximo relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) traga um leve aumento na área plantada nos Estados Unidos, reforçando a possibilidade de uma safra robusta no país.
Cenário global e perspectivas
A combinação entre clima favorável no cinturão do milho dos EUA, avanço da colheita da safrinha no Brasil e valorização cambial compõe um quadro de forte pressão baixista. As vendas semanais combinadas das safras nova e velha foram menores que as da semana anterior, mas ainda dentro das projeções do mercado. Esse contexto reforça a cautela entre produtores e a resistência dos compradores, mantendo o mercado em compasso de espera.
Fonte: portaldoagronegocio