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Mercado do milho: estabilidade no Brasil e incertezas no cenário internacional

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Baixa liquidez e estabilidade marcam o mercado interno

Apesar do avanço da colheita da segunda safra, o mercado de milho permanece travado em diversas regiões brasileiras. A lentidão nas negociações, aliada à distância entre preços pedidos por vendedores e ofertas de compradores, tem mantido o ritmo comercial praticamente parado.

No Paraná, por exemplo, produtores pedem em média R$ 76,00/saca FOB, com casos pontuais de até R$ 80,00. Porém, a indústria de rações oferece R$ 73,00 CIF, o que inviabiliza os negócios. A falta de acordo mantém o mercado em compasso de espera.

No Rio Grande do Sul, segundo a consultoria TF Agroeconômica, o cenário é semelhante. As indicações de compra para agosto caíram para R$ 66,00 a R$ 70,00/saca. As cotações seguem entre R$ 64,00 e R$ 68,00 em municípios como Santa Rosa, Ijuí, Marau e Lajeado. Em Panambi, o milho é vendido por R$ 60,00, refletindo o descompasso entre oferta e demanda e a ausência de negociações relevantes.

Em Santa Catarina, o mercado também apresenta liquidez quase nula, com vendedores mantendo firmeza nos preços: R$ 69,00 em Papanduva, R$ 70,00 em Campo Alegre e R$ 71,00 nas regiões Oeste e Serrana. A distância entre as propostas de compra e venda continua sendo o principal entrave.

Já no Mato Grosso do Sul, a consultoria Cepea aponta uma leve recuperação nas cotações em municípios como Dourados, embora a tendência predominante ainda seja de estabilidade. A retração dos vendedores ajudou a frear a queda dos preços, mas a liquidez no mercado spot segue muito baixa.

Preços futuros do milho operam em alta na B3

Na manhã desta quarta-feira (23), os contratos futuros do milho operavam em alta na Bolsa Brasileira (B3). Por volta das 10h14 (horário de Brasília), os preços flutuavam entre R$ 65,79 e R$ 74,99:

  • Setembro/25: R$ 65,79 (+0,75%)
  • Novembro/25: R$ 68,70 (+0,72%)
  • Janeiro/26: R$ 72,25 (+0,21%)
  • Março/26: R$ 74,99 (+0,12%)

O movimento de alta nas cotações mais curtas reflete a lentidão na colheita no Brasil, o que dificulta a originação de produto para o mercado interno e exportações. A reação dos compradores, que buscam proteger estoques, ajudou a elevar os preços de curto prazo. Por outro lado, os contratos mais longos seguem pressionados pela queda em Chicago.

Mercado internacional segue volátil com foco no clima e nos acordos comerciais

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros do milho iniciaram o dia com movimentações próximas da estabilidade. Por volta das 09h44 (horário de Brasília), as cotações apresentavam comportamento misto:

  • Setembro/25: US$ 4,00 (+0,75 ponto)
  • Dezembro/25: US$ 4,18 (estável)
  • Março/26: US$ 4,35 (-0,25 ponto)
  • Maio/26: US$ 4,46 (-0,25 ponto)

Segundo o portal Farm Futures, os preços se firmaram durante a madrugada com a expectativa de novos acordos de exportação. O ex-presidente Donald Trump anunciou um “acordo massivo” com o Japão, incluindo tarifa de 15% sobre automóveis japoneses. Além disso, um novo pacto com as Filipinas prevê uma tarifa de 19% sobre as exportações filipinas.

No entanto, o clima favorável no cinturão agrícola dos EUA segue como um fator de baixa. A previsão de chuvas para o Centro-Oeste americano até o final da semana deve beneficiar o desenvolvimento das lavouras, limitando o potencial de valorização.

Recuo em Chicago e cenário climático pressionam contratos mais longos

Na segunda-feira anterior, a B3 registrou movimento misto nos contratos futuros de milho. Os vencimentos mais curtos se valorizaram, impulsionados pela lentidão da colheita no Brasil. Já os vencimentos mais longos acompanharam a queda em Chicago, pressionados pelo clima favorável nos EUA e pela expectativa de safra recorde.

Veja o fechamento na B3:

  • Setembro/25: +R$ 0,18 no dia, a R$ 65,28 (alta semanal de R$ 1,83)
  • Novembro/25: +R$ 0,03, a R$ 68,21
  • Janeiro/26: -R$ 0,07, a R$ 72,04 (ainda com alta de R$ 0,74 na semana)

Na CBOT, o milho recuou com a manutenção da qualidade das lavouras americanas e a previsão de chuvas. O contrato de setembro caiu 1,11% (US$ 4,50 cents/bushel), fechando a US$ 399,25, e o de dezembro recuou 1,01% (US$ 4,25 cents), encerrando a US$ 418,00.

Expectativa de safra recorde nos EUA pesa sobre os preços

Com a manutenção das boas condições climáticas nos EUA, analistas estimam que o país possa colher a maior safra de milho de sua história. Esse cenário pressiona os preços no mercado internacional, ao mesmo tempo em que contribui para o afastamento dos consumidores do mercado spot, conforme destaca o Cepea. Muitos compradores têm recorrido a estoques adquiridos antecipadamente, contribuindo para a atual baixa liquidez.

O mercado do milho segue marcado por incertezas e estabilidade, tanto no Brasil quanto no exterior. Internamente, a colheita avança, mas a falta de acordo entre vendedores e compradores limita as negociações. Externamente, o clima favorável nos EUA e novas movimentações comerciais influenciam os preços futuros, com reflexos diretos na B3 e na CBOT. A expectativa de uma safra recorde americana poderá ser o fator decisivo para a direção do mercado nos próximos meses.

Fonte: portaldoagronegocio

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