Pequena no tamanho, mas gigante na tradição e na produção de cachaça. Com pouco mais de 3 mil habitantes, o município de Lamim, localizado na Zona da Mata mineira, alcançou um marco inédito: é a cidade brasileira com maior densidade de cachaçarias legalizadas, segundo o Anuário da Cachaça 2025, publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Maior concentração de cachaçarias por habitante
Atualmente, Lamim conta com dez estabelecimentos registrados, o que representa uma cachaçaria para cada 323 moradores, índice que nenhum outro município do Brasil alcançou. A conquista é atribuída a fatores como o clima ameno, boa distribuição de chuvas e a forte tradição familiar na produção de cachaça.
Reconhecimento estadual
O feito foi comemorado pelo vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, que destacou a tradição e o empenho dos produtores locais. “Esse resultado é fruto do trabalho árduo, da paixão e da herança cultural do nosso povo. Com assistência técnica e incentivo à regularização, queremos levar essa cachaça mineira para o Brasil e o mundo”, afirmou.
O secretário de Agricultura, Thales Fernandes, reforçou a importância da bebida para a identidade e economia do estado. “Minas se orgulha de ser referência na produção de cachaça e vamos continuar fortalecendo esse setor essencial da agricultura familiar”, declarou.
O papel do IMA na legalização
A regularização das cachaçarias é responsabilidade do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que orienta os produtores a garantir padrões sanitários e de qualidade. O fiscal agropecuário e químico do IMA, Flávio Santos, explica que a legalização agrega valor ao produto e abre portas para novos mercados. “Os produtores de Lamim entenderam que o registro é sinônimo de valorização e segurança”, ressaltou.
Do distrito à legalização: o exemplo dos irmãos Rezende
Produtores da cachaça Laminense, os irmãos Nivaldo e Lúcio Rezende, do distrito de Piranguinha, decidiram se legalizar há três anos, após a visita dos fiscais do IMA. “Percebemos que era o momento certo. Fizemos um empréstimo e reformamos nossa fábrica para seguir todas as normas”, contou Nivaldo.
Desde então, a produção se tornou mais eficiente, higiênica e segura. “Hoje, temos tranquilidade para trabalhar, participar de concursos e divulgar um produto do qual nos orgulhamos”, completou.
Assistência técnica impulsiona o setor
Os irmãos também receberam apoio técnico da Emater, responsável por auxiliar desde a colheita até a gestão do negócio. Lúcio se prepara para participar do 2º Concurso de Cachaças de Alambique e Aguardentes e destaca a importância do suporte recebido. “Graças à Emater conseguimos apresentar um projeto ao banco e obter o financiamento necessário”, afirmou.
Outro produtor que reconhece o valor da assistência técnica é Silbert Mourthé, da Destilaria Arruda, que há três anos produz uma cachaça premium na zona rural de Lamim. Desde o início, ele buscou fazer tudo de forma regular e recebeu orientação dos técnicos do estado. Agora, planeja expandir a distribuição para bares de Belo Horizonte e também para o Nordeste do Brasil.
Próximos passos: turismo e identidade regional
Segundo o secretário municipal de Lamim, Juninho Pedrosa, a liderança no ranking nacional é só o começo. O município já discute estratégias para fortalecer o turismo, ampliar a visibilidade da bebida e consolidar uma identidade regional da cachaça. “Queremos valorizar ainda mais nossos produtores e transformar Lamim em referência. Já mostramos que tamanho não é documento”, afirmou.
Lamim, a pequena gigante da Zona da Mata, mostra que tradição, organização e apoio técnico podem transformar um município em símbolo nacional da produção de cachaça artesanal.
Fonte: portaldoagronegocio