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Agronegócio

IPCA-15 acelera em fevereiro impulsionado por energia e educação: maior alta desde 2022

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A inflação no Brasil voltou a acelerar em fevereiro, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrando sua maior alta em quase três anos. Impulsionado pelo aumento na conta de energia elétrica e pelos reajustes no setor de educação com o início do ano letivo, o indicador subiu 1,23% no mês, marcando o maior avanço desde abril de 2022 (+1,73%) e o maior índice para um fevereiro desde 2016 (+1,42%). Em janeiro, a alta havia sido de 0,11%.

Apesar da forte aceleração, o dado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou abaixo da expectativa do mercado, que previa um aumento de 1,33%, segundo pesquisa da Reuters. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 atingiu 4,96%, acima dos 4,50% registrados no mês anterior, mas ainda abaixo da projeção de 5,08%. Esse índice representa a maior taxa desde outubro de 2023 (+5,05%).

A meta oficial de inflação do governo é de 3,0%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Energia e educação pressionam inflação

Os principais fatores que impulsionaram a alta do IPCA-15 foram os grupos Habitação e Educação, que registraram elevação de 4,34% e 4,78%, respectivamente.

No segmento de Habitação, o destaque foi o reajuste de 16,33% na energia elétrica residencial, que reverteu a queda de 15,46% observada em janeiro, quando o setor foi beneficiado pelo bônus de Itaipu, um saldo positivo na conta de comercialização da energia da usina binacional.

Já no setor de Educação, os custos de cursos regulares subiram 5,69%, refletindo os reajustes tradicionais do início do ano letivo. O ensino fundamental registrou aumento de 7,50%, seguido pelo ensino médio (+7,26%) e ensino superior (+4,08%).

Alimentos e combustíveis mantêm influência

Os preços do grupo Alimentação e Bebidas subiram 0,61% em fevereiro, desacelerando em relação ao avanço de 1,06% em janeiro. Dentro desse grupo, a alimentação no domícilio aumentou 0,63%. Os produtos que mais subiram foram a cenoura (+17,62%) e o café moído (+11,63%), enquanto a batata-inglesa (-8,17%), o arroz (-1,49%) e as frutas (-1,18%) registraram queda.

No grupo Transportes, houve uma alta de 0,44%, abaixo do 1,01% registrado no mês anterior. Os combustíveis subiram 1,88%, com destaque para o etanol (+3,22%), óleo diesel (+2,42%) e gasolina (+1,71%). Por outro lado, as passagens aéreas caíram 20,42%, aliviando parcialmente a pressão sobre o setor.

Perspectivas para a política monetária

Embora o IPCA-15 tenha acelerado, especialistas apontam sinais positivos na composição do indicador. Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, o núcleo da inflação teve um leve aumento marginal no acumulado de 12 meses, passando de 4,36% para 4,41%. Além disso, a inflação do setor de serviços desacelerou de 5,45% para 4,98%, enquanto os serviços subjacentes passaram de 5,96% para 5,93%.

“Os dados qualitativos trazem um certo alívio, especialmente nos segmentos mais acompanhados pelo Banco Central, que vinham apresentando crescimento acelerado. No entanto, ainda existe preocupação com o cenário inflacionário”, destacou Sung em nota.

Fatores como um mercado de trabalho ainda aquecido, a valorização do dólar e incertezas relacionadas a políticas tarifárias nos Estados Unidos mantêm os riscos inflacionários elevados neste início de ano. Em janeiro, o Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, e indicou uma nova alta de mesma magnitude em março, sem definir os próximos passos.

Para André Valério, economista sênior do Inter, o resultado do IPCA-15 não deve alterar a estratégia do Comitê de Política Monetária (Copom), que já precificou um aumento de 100 pontos-base na próxima reunião. “A incerteza está nos passos seguintes, a partir de maio, quando os dados de atividade econômica deverão ter um peso maior na decisão do BC”, afirmou.

Sara Paixão, estrategista de macroeconomia da InvestSmart XP, avalia que, apesar da alta da inflação, a combinação com dados de atividade econômica mais fracos pode criar um cenário favorável para o Banco Central, reduzindo a necessidade de elevar a Selic a 15%. Ela destaca ainda que o comportamento dos serviços e do núcleo da inflação foram melhores do que o esperado pelo mercado.

“Mesmo assim, o BC precisará manter cautela, pois a taxa acumulada em 12 meses e as expectativas inflacionárias seguem elevadas”, pontuou. Paixão também mencionou que medidas como a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda e o estímulo ao crédito consignado podem impactar a inflação no futuro, devendo ser considerados na próxima decisão do Copom sobre a Selic.

Fonte: portaldoagronegocio

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