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A nova taxação de Trump: tarifas de até 50% e seu impacto no comércio global

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O presidente Donald Trump oficializou, em pronunciamento realizado no Rose Garden da Casa Branca, as diretrizes fiscais que batizou de “Dia da Libertação”. A apresentação, cercada de expectativas, teve um tom mais próximo de discurso eleitoral do que de um anúncio técnico de governo, frustrando parte dos analistas que aguardavam detalhes substanciais.

Ao longo da fala, Trump procurou se conectar com a base eleitoral concentrada no cinturão da ferrugem e no cinturão agropecuário, regiões caracterizadas por forte presença industrial e agrícola. A estratégia de comunicação focou em setores com alto investimento em maquinário, mas com menor geração de empregos, sinalizando a intenção de reforçar a competitividade interna por meio de tarifas protecionistas.

Durante o anúncio, o presidente americano fez menções a críticas supostamente oriundas de trabalhadores da indústria automobilística e revisitou temas históricos, como a perda de 5 milhões de empregos industriais e o fechamento de 90 mil fábricas, atribuídos por ele ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), firmado em 1992, durante o governo George Bush. Também criticou decisões de administrações anteriores, como a de Ronald Reagan, minimizando o impacto da evolução tecnológica e da realocação industrial em países asiáticos ao longo das últimas quatro décadas.

Trump destacou investimentos que estariam sendo realizados por empresas que “acreditam na América”, como Oracle, NVIDIA, Meta, Johnson & Johnson, Eli Lilly, Merck, General Motors, Ford, Honda e Nissan. No entanto, muitas dessas companhias já operam em solo americano e possuem alta dependência de tecnologia em suas linhas produtivas.

O plano anunciado propõe tarifas sobre produtos importados com alíquotas entre 10% e 50%, com o objetivo declarado de estabelecer maior “reciprocidade” nas relações comerciais dos Estados Unidos. A medida complementa a taxação de 25% já aplicada sobre automóveis importados desde 3 de abril, incluindo carros de passeio, caminhões leves e componentes automotivos. No caso dos veículos importados sob o Acordo Estados Unidos-México-Canadá, apenas as peças estrangeiras que integram os automóveis serão tarifadas.

O Brasil aparece como o 15º país na lista de nações afetadas pelas tarifas americanas. Embora não exporte veículos para os EUA, a nova política tarifária pode influenciar indiretamente o mercado brasileiro ao provocar mudanças nas cadeias globais de produção e comercialização. Setores nacionais que dependem de insumos importados podem enfrentar elevação de custos, o que tende a afetar a competitividade e reduzir as exportações brasileiras para os Estados Unidos.

Em relação aos impactos diretos, países com maior participação nas exportações de veículos para os EUA, como o México, sentirão efeitos mais imediatos. Ainda que exista a hipótese de parte dessa produção ser redirecionada ao Brasil, a análise do economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, pondera que o efeito poderá ser marginal, dada a pequena variação nos preços finais.

Além disso, o Brasil é relevante na exportação de autopeças, motores e equipamentos para os Estados Unidos, setores que devem sofrer redução na demanda como consequência da elevação dos custos decorrentes das tarifas.

Simioni destaca que ainda é prematuro mensurar com exatidão os efeitos das novas medidas para os países e setores envolvidos, pois a negociação com o Departamento de Comércio dos EUA está apenas começando. O que se desenha, contudo, é um cenário de maior protecionismo e incertezas para o comércio internacional.

Fonte: portaldoagronegocio

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