Contribuição da polinização animal cresce no valor da produção agrícola
De acordo com estudo do IBGE, divulgado em 2023, a polinização animal foi responsável por 16,14% do valor total da produção agrícola e extrativista do Brasil. Esse percentual representa um avanço em relação a 1996, quando o índice era de 14,4%, e varia entre 5% e 25%, dependendo do grau de dependência das culturas.
Diferenças entre lavouras temporárias, permanentes e extrativismo
A pesquisa aponta que, em 2023:
- Nas lavouras temporárias, o indicador chegou a 12,0%, subindo de 7,3% em 1996.
- Nas lavouras permanentes, passou de 36,4% para 38,7%.
Na produção extrativista, a contribuição dos polinizadores saltou de 21,8% para 47,2%, sendo o maior crescimento proporcional registrado no período.
Crescimento da dependência em municípios brasileiros
Em 2023, aproximadamente 19% dos municípios tinham mais de 25% do valor de produção impactado pela polinização animal, contra cerca de 15% em 1996. O Nordeste destacou-se nesse crescimento devido à predominância de cultivos permanentes altamente dependentes da polinização.
Mais da metade dos produtos agrícolas dependem da polinização
Entre os 67 produtos investigados, 52,2% apresentaram algum grau de dependência da polinização animal. Esse percentual foi de 31,2% nos cultivos temporários e 71,4% nos cultivos permanentes, majoritariamente frutas. No extrativismo, 39,3% dos produtos também dependem desse processo.
Mudanças na área cultivada segundo o grau de dependência
A área colhida por produtos com dependência modesta da polinização aumentou de 39% em 1975 para 53,5% em 2023. Por outro lado, a área dos cultivos sem dependência caiu de 53,4% para 43,8% no mesmo período. Entre os temporários, 54% da área cultivada pertence à classe modesta. Nas permanentes, essa classe ocupa 41,2% da área, enquanto os cultivos com dependência essencial representam 20,5%.
Representatividade na produção em volume
Em 2023, produtos dependentes da polinização animal corresponderam a 17,6% da quantidade produzida no país. A maior parte da produção em volume permanece concentrada em cultivos sem dependência (82,4%). No extrativismo vegetal, 41,2% da produção está nas classes de dependência alta e essencial.
Distribuição regional da dependência da polinização animal
- Norte: Destaca-se o açaí, com alta dependência, e o café canephora e cacau.
- Nordeste: Culturas permanentes como manga e cacau apresentam alta dependência.
- Sudeste: Soja e tomate (temporários) possuem dependência modesta; café e laranja, permanentes de relevância econômica, também dependem da polinização.
- Sul: Soja, feijão e tomate lideram entre temporários; maçã destaca-se entre permanentes com alta dependência.
- Centro-Oeste: Dependência da polinização em temporários gira em torno de 15%; castanha-do-pará e pequi são os principais extrativos com alta dependência.
Ameaças e importância da preservação dos polinizadores
O estudo reforça que a polinização animal é vital não só para a agricultura, mas para a manutenção dos ecossistemas. Leonardo Bergamini, analista do IBGE, alerta para as ameaças enfrentadas pelos polinizadores, como perda de habitat, uso de pesticidas, doenças, mudanças climáticas e espécies invasoras. A proteção desses agentes exige investimentos em pesquisa e estratégias eficazes.
O aumento da dependência da produção agrícola e extrativista brasileira da polinização animal evidencia a necessidade urgente de políticas de conservação dos polinizadores. Garantir a continuidade desse serviço é essencial para a sustentabilidade econômica e ambiental do país.
Fonte: portaldoagronegocio