Foto:
FMC
Comercialização de soja enfrenta desafios no Brasil
O mercado interno de soja segue marcado pela cautela nas negociações, dificuldades de armazenagem e pressão dos estoques elevados em diferentes estados produtores do país.
Rio Grande do Sul: safra frustrada e preços pressionados
No Rio Grande do Sul, uma safra abaixo do esperado tem limitado o ritmo de vendas. Segundo a TF Agroeconômica, os preços seguem em queda:
- Porto: R$ 135,00/saca (queda de 1,82%)
- Interior: R$ 129,00 em Cruz Alta (pagamento em 30/07), Passo Fundo (fim de agosto), Ijuí (30/08) e Santa Rosa/São Luiz (24/08)
- Panambi: R$ 118,00 no preço de pedra
Santa Catarina: foco em infraestrutura e logística
Em Santa Catarina, além da comercialização moderada, a logística segue como ponto de atenção, com investimentos previstos por meio do Plano Safra para melhorar a infraestrutura de escoamento e armazenagem.
No porto de São Francisco, a soja é cotada a R$ 136,17/saca.
O início do vazio sanitário em julho reforça o controle fitossanitário e prepara o estado para o novo ciclo produtivo.
Paraná: armazenagem no centro do problema
O Paraná também enfrenta gargalos de armazenagem, o que limita o ritmo da comercialização. Os preços praticados nas principais praças do estado variam:
- Paranaguá: R$ 135,60
- Cascavel: R$ 122,27
- Maringá: R$ 121,24
- Ponta Grossa: R$ 123,28 (FOB) e R$ 118,00 (balcão)
- Pato Branco: R$ 136,17
Mato Grosso do Sul: estrutura limitada e estoques elevados
A falta de infraestrutura pós-colheita e os volumes elevados em estoque agravam a situação no Mato Grosso do Sul. A TF Agroeconômica destaca os seguintes preços no mercado spot:
- Dourados: R$ 119,95
- Campo Grande e Maracaju: R$ 120,13
- Chapadão do Sul: R$ 107,61
- Sidrolândia: R$ 119,95
A consultoria ressalta a importância de políticas públicas para superar os gargalos logísticos e garantir maior eficiência na gestão de estoques.
Mato Grosso: alta produção, baixa rentabilidade
Mesmo com safra recorde em municípios como Sorriso, os produtores de Mato Grosso enfrentam entraves comerciais e logísticos que comprimem as margens de lucro. Os preços seguem pressionados:
- Sorriso e Lucas do Rio Verde: R$ 111,46 e R$ 111,92
- Campo Verde, Rondonópolis e Primavera do Leste: R$ 115,59
- Nova Mutum: R$ 111,92
Bolsa de Chicago: mercado internacional reage ao clima e guerra comercial
Os futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) operaram de forma estável nesta quarta-feira (9), refletindo o bom desempenho da safra nos Estados Unidos e a expectativa pelo próximo boletim do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), previsto para sexta-feira (11).
Por volta das 7h25 (horário de Brasília):
- Contrato de agosto: queda de 0,75 ponto, cotado a US$ 10,20/bushel
- Contrato de novembro: alta de 0,50 ponto, cotado a US$ 10,18/bushel
Segundo a TF Agroeconômica, o mercado segue atento ao bom desenvolvimento da safra americana no Corn Belt e à falta de avanços nas negociações com a China, principal compradora global da oleaginosa. A continuidade das tarifas comerciais impostas pelo governo Trump ainda compromete a demanda por produtos agrícolas dos EUA.
Desempenho recente em Chicago: recuo nos preços
Na terça-feira (8), os contratos futuros da soja fecharam em baixa na CBOT:
- Agosto: recuo de 0,99% (US$ 10,21/bushel)
- Setembro: queda de 0,49% (US$ 10,08/bushel)
Nos derivados:
- Farelo de soja (agosto): queda de 0,55%, a US$ 270,70/ton curta
- Óleo de soja: alta de 0,32%, a US$ 54,11/libra-peso
Apesar do anúncio de venda de 144 mil toneladas de farelo de soja às Filipinas, o ritmo geral das exportações norte-americanas segue fraco. De acordo com o USDA, 66% da safra está em boas ou excelentes condições, índice dentro da média dos últimos cinco anos. Além disso, 8% das plantas já formam vagens, frente a 3% na semana anterior e a uma média histórica de 6%.
A previsão de chuvas favoráveis nas regiões produtoras dos EUA também tem contribuído para conter qualquer valorização nos preços.
Conjuntura global favorece o Brasil
A China tem evitado compras de soja dos EUA devido à guerra comercial, o que tem beneficiado exportações brasileiras. No entanto, esse cenário também pressiona os preços internacionais, mantendo o mercado global da soja em alerta e constante volatilidade.
O cenário atual do mercado da soja é desafiador tanto no Brasil, com problemas logísticos e estoques elevados, quanto no mercado internacional, pressionado por disputas comerciais e condições climáticas. A expectativa em torno dos próximos dados do USDA e dos desdobramentos da guerra comercial entre EUA e China seguirá como fator decisivo para a formação de preços nos próximos dias.
Fonte: portaldoagronegocio