As novas proporções começam a valer a partir de agosto: a adição de etanol à gasolina subirá de 27% para 30%, enquanto a mistura de biodiesel ao diesel fóssil passará de 14% para 15%.
A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, em despachos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A reportagem do portal CenarioMT ouviu o delegado do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso (Sindipetroleo), Vilson Kirst, que avaliou a medida sob a ótica do consumidor final.
Segundo ele, os aumentos nas misturas não devem resultar em vantagens diretas ao bolso do consumidor.
“Os nossos consumidores, eles perguntam, o que que vai acontecer? É bom, é ruim? Olha, eu diria assim, quanto mais etanol na gasolina, para o meio ambiente é bom. Agora no dia a dia para o consumidor, eu não sei se é tão positivo, porque o etanol faz menos média do que a gasolina, então tendo mais etanol na gasolina, com certeza seu veículo vai gastar mais. Alguns órgãos divulgam que vai reduzir em torno de 10 centavos, 11 centavos o preço, se permanecer nesse preço que está hoje, isso é inverdade, né? Foi feito um levantamento pelo Sindipetroleo que o máximo que pode reduzir com esse aumento de 11% de etanol na gasolina é 2 centavos. Quer dizer, o impacto é muito pequeno no preço. Nós enquanto revendedores gostaríamos que abaixasse mais. Quanto menor o preço, melhor para nós revendedores dos produtos, e consequentemente, melhor para o consumidor”, avaliou.
O delegado do Sindipetróleo acresceu ainda: “Preocupa um pouco. Ah, esses carros mais antigos, que era só a gasolina na época, era menos mistura e tal, vai dar consequência? Acreditamos que não, porque já tem 27% de etanol na gasolina, vai passar para 30%. Ah, tem muitos carros importados que consomem gasolina? Sim, no Brasil têm muitos carros importados que só andam com gasolina. Preocupa um pouco, sim, quem tem um carro importado. Lá na Europa, Alemanha, tem o Audi, a BMW, marcas essas que circulam muito aqui no Brasil. Lá o etanol é mínimo misturado a gasolina e aqui no Brasil mais de 30%, né? Então, realmente tem uma pequena preocupação, mas esperamos que nada mude para nós consumidores, para quem tem veículos. É feito estudo em cima disso também, mas nem as especulações. Então, esperamos que não dê nem o impacto negativo essa adição de 30% de etanol de gasolina”.
Há também o aumento da mistura de biodiesel ao diesel fóssil em 1%. Existe também uma preocupação, afirmou Kirst.
“2000 para cá, 2004, 2005, que começou com 2% e esses mesmos caminhões estão trafegando no Brasil e hoje vai a 15%. A partir de agosto, 15%. Sempre é uma preocupação, pois o biodiesel por muito tempo armazenado, cria uma crosta no seu próprio combustível dentro do tanque, principalmente em tanques de fazendas, onde fica muito tempo parado sem utilizar. Então, é uma preocupação. Nós esperamos que nada de maior aconteça, só 1%, mas é 1% de aumento, né? E eu acredito que até tenha elevação no preço devido a isso, mínima coisa, porque o biodiesel é mais caro que o óleo diesel, diferente do etanol mais barato do que a gasolina do diesel, é mais caro que o óleo diesel. Como é 1%, não esperamos grandes mudanças na questão preço, né? Então é isso, esse é o nosso dia a dia do setor de combustível. Para nós, quanto menor o preço, melhor para nós revendedores e melhor para os consumidores”.
Vilson explicou ainda que a mistura dos biocombustíveis aos combustíveis fósseis é feita nas distribuidoras, após o refinamento dos mesmos.
“Nós não temos competência e nem temos estrutura, nenhum posto tem estrutura para fazer essa mistura. E é o etanol anidro que é misturado na gasolina, não é o hidratado que é vendido nas bombas. Então, nenhum posto tem capacidade e estrutura para fazer essa mistura, nem é permitido. Quem faz essa mistura são as distribuidoras”.
Em Lucas do Rio Verde e demais cidades da região norte de Mato Grosso, a expectativa é de que os postos de combustíveis se adaptem sem grandes dificuldades, uma vez que os percentuais já estavam próximos dos limites máximos autorizados tecnicamente.
É importante observar alguns pontos, a fim de economizar na hora de abastecer o seu veículo.
“Quando o preço do etanol estiver com o preço menos de 70% comparado ao da gasolina, é melhor abastecer com etanol. Mas hoje está equiparado, está mais ou menos 70% o valor do etanol comparando a gasolina, então tanto faz. Então, eu diria assim, a economia tem que existir sempre, né? Seja de uma forma ou de outra. A velocidade nas rodovias conta muito, quanto mais velocidade, maior é o consumo, né? Então, cada um tem que fazer seu controle e cuidar do seu veículo. Abastecer com combustível aditivado é muito importante também, para ter ganho em quilometragem e menos manutenção em seu veículo”, concluiu Vilson Kirst.
O aumento nas misturas de biocombustíveis é parte de uma política nacional voltada à ampliação do uso de fontes renováveis e à redução das emissões de gases do efeito estufa, contribuindo para as metas ambientais assumidas pelo Brasil em acordos internacionais.
Fonte: cenariomt
