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Agronegócio

Estudo aponta mudanças necessárias no uso da terra para o cultivo de soja na região do Matopiba

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O Matopiba, região composta pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, vem se destacando como uma das principais fronteiras agrícolas do Brasil, com uma área de 73 milhões de hectares propícia ao cultivo de . No entanto, sua crescente expansão tem gerado preocupações ambientais, principalmente em relação à transformação de áreas de vegetação nativa em terras agricultáveis. A Fundação Solidaridad, em parceria com a consultoria Agroicone, conduziu um estudo econômico que visa apontar alternativas para a expansão sustentável do cultivo de soja na região, buscando equilibrar rentabilidade e preservação ambiental.

A pesquisa, que mapeou durante duas safras as principais áreas produtoras da região, teve como objetivo identificar práticas e modelos de negócios que viabilizem a expansão do cultivo sem avançar sobre as áreas de vegetação nativa. De acordo com Paula Freitas, Gerente de Cadeias Produtivas da Fundação Solidaridad, o estudo foi essencial para compreender a dinâmica atual da soja no Matopiba, especialmente no Tocantins e na Bahia. Ela destaca que o foco do estudo foi apresentar alternativas que permitam aos produtores aumentar a produtividade sem causar danos ambientais.

Expansão da Soja e Mecanismos de Sustentabilidade

Durante o estudo, foram avaliados diferentes cenários econômicos e mecanismos financeiros para impulsionar a adoção de práticas sustentáveis. Camila Santos, Coordenadora do Programa Soja da Fundação Solidaridad, enfatiza que não existe uma solução única para promover a expansão sustentável, mas sim uma combinação de ações do setor produtivo e do governo. A especialista sugere que a indústria precisa se comprometer a reduzir o desmatamento e as emissões de carbono, incentivando práticas como o Sistema de Plantio Direto (SPD) e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), além de fortalecer a utilização de instrumentos financeiros como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e créditos de carbono.

Além disso, Paula Freitas sublinha a importância de implementar o Código Florestal para garantir a preservação da vegetação nativa e reduzir a incerteza jurídica que prejudica os produtores. A infraestrutura de armazenamento e logística também é vista como um fator crítico para a expansão da soja em áreas de pastagens, sendo fundamental pensar em soluções que favoreçam a conservação a longo prazo.

Análise de Mecanismos Financeiros

O estudo foi dividido em quatro etapas para melhor compreender a viabilidade econômica de modelos sustentáveis. A primeira fase focou nos mecanismos financeiros para a expansão da soja e a implementação de práticas agrícolas de baixo carbono no Tocantins e na Bahia. A pesquisa revelou que, entre os anos-safra de 2019 a 2023, o crédito rural contratado pelos produtores cresceu 88%, alcançando R$ 357 bilhões. Camila Santos observa que essa expansão do crédito rural oferece uma oportunidade para as instituições financeiras financiarem práticas mais sustentáveis, direcionando recursos para áreas de pastagens degradadas e evitando a conversão de áreas nativas.

A segunda etapa do estudo investigou os custos de oportunidade envolvidos na adoção de práticas de baixo carbono e comparou os cenários nas regiões de expansão da soja. A pesquisa mostrou que os modelos de expansão baseados em áreas já abertas, como as pastagens degradadas, são mais viáveis economicamente, ao contrário das práticas que avançam sobre a vegetação nativa.

A Conversão de Pastagens e Políticas Públicas

A terceira fase do estudo analisou as barreiras e oportunidades na conversão de pastagens degradadas para a agricultura, propondo ajustes nas políticas de crédito rural e sugerindo a implementação de novas formas de incentivo, como a redução de taxas de e o aumento do prazo de carência. Essas medidas visam tornar a expansão da soja em áreas já abertas mais atraente para os produtores.

Na quarta etapa, foram estruturados cenários para a expansão da soja em áreas abertas, seja para a agricultura ou pecuária, com o objetivo de torná-los financeiramente competitivos em relação à expansão sobre a vegetação nativa. A análise revelou que, com a adoção de práticas sustentáveis, é possível conciliar o aumento da produção com a preservação ambiental, respeitando os limites ecológicos da região.

Continuidade dos Estudos no Matopiba

Este estudo é parte de uma série de pesquisas realizadas pela Fundação Solidaridad na região. Em 2021, a fundação divulgou um estudo focado na dinâmica territorial da soja no Matopiba, identificando áreas com alto potencial para expansão sem prejudicar a vegetação nativa. Em 2022, outro estudo foi lançado, abordando o balanço de carbono na produção de soja na região, destacando as oportunidades para os produtores que adotam práticas de baixo carbono.

A combinação de práticas agrícolas sustentáveis, inovação tecnológica e políticas públicas eficazes será essencial para garantir que o Matopiba continue a ser uma fronteira agrícola produtiva, sem comprometer a integridade ambiental da região.

Fonte: portaldoagronegocio

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