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Agronegócio

A Moratória da Soja: críticas à ABIOVE e os impactos no desenvolvimento de Mato Grosso

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Wenderson Araujo

Nesta semana, Bernardo Pires, diretor de sustentabilidade da ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), criticou duramente o governador de Mato Grosso, prefeitos, vereadores e a Assembleia Legislativa do estado. Em um tom acusatório, Pires responsabilizou o governo estadual por supostos interesses “extremistas” da bancada ruralista e por promover a destruição ambiental. No entanto, tal postura desvia o debate sobre a verdadeira agenda de organizações como a ABIOVE, que, ao invés de atuar de forma transparente em prol da sustentabilidade, parece explorar a imagem de um “caos ambiental” para lucrar com a venda de soluções “sustentáveis” impostas aos produtores brasileiros.

A ABIOVE, que representa mais de 94% do mercado comprador de soja, influencia diretamente a vida de milhares de famílias no bioma amazônico, cujos direitos à livre iniciativa são restringidos pelas práticas da entidade. As normas impostas pela associação, que visam à criação de um mercado de soja “sustentável”, não têm relação direta com a preservação ambiental, mas sim com a comercialização da soja para mercados internacionais. Isso gera uma distorção, pois as vantagens econômicas da soja “sustentável” são obtidas pelos compradores, enquanto os produtores brasileiros, que cumprem rigorosamente a legislação do Código Florestal, são excluídos dos benefícios.

Além disso, o modelo de certificação imposto pela ABIOVE desconsidera os impactos econômicos e sociais nas regiões mais carentes, onde a agricultura é a principal fonte de desenvolvimento. A imposição de uma regra única, sem considerar as especificidades locais, cria desigualdades entre os municípios do bioma amazônico. A segregação social e regional gerada por essa abordagem é um reflexo do foco da ABIOVE em atender interesses comerciais, em detrimento de uma verdadeira inclusão econômica.

Mato Grosso, exemplo de boas práticas ambientais, ilustra a realidade do agronegócio brasileiro. Apenas 14% de seu território é utilizado para a produção de soja, sendo que os agricultores locais preservam 80% das áreas nativas no bioma amazônico e 35% no Cerrado, como exige a legislação. Técnicas avançadas de conservação, como o plantio direto, rotação de culturas e uso de bioinsumos, têm sido aplicadas, o que contribui para a melhoria da qualidade do solo e para a mitigação de emissões de carbono. Estudos indicam que a agricultura brasileira tem potencial para sequestrar até 1,6 tonelada de carbono por hectare ao ano, contribuindo de forma significativa para o meio ambiente.

Além disso, projetos como o Guardião das Águas, desenvolvido pela APROSOJA em Mato Grosso, evidenciam o compromisso dos produtores com a preservação dos recursos hídricos. O projeto monitora mais de 105 mil nascentes no estado, com 95% delas em bom ou ótimo estado de conservação, uma prática rara mundialmente.

Apesar disso, a ABIOVE continua a promover a narrativa de que a única solução para o desmatamento na Amazônia é a implementação de sua moratória. Essa visão ignora os esforços reais dos produtores brasileiros e prejudica a imagem do agronegócio nacional. A imposição de barreiras comerciais e a criação de um mercado segmentado pela certificação de soja “livre de desmatamento” restringem o desenvolvimento econômico de Mato Grosso, além de limitar o acesso dos produtores a compradores internacionais.

Se a intenção fosse, de fato, promover a sustentabilidade, as empresas signatárias da moratória deveriam assumir os custos operacionais da segregação e rastreabilidade da soja, repassando essas despesas aos compradores internacionais. Contudo, o que se observa é a concentração de poder econômico nas mãos de poucas empresas, que se beneficiam de recursos externos, sem repassar os ganhos aos produtores que cumprem as exigências ambientais.

Em síntese, a Moratória da Soja, ao invés de ser uma medida que promova a sustentabilidade real, tem se tornado uma ferramenta de controle da oferta, prejudicando o desenvolvimento econômico de Mato Grosso e perpetuando desigualdades regionais. O Brasil, com mais de 66% de seu território preservado e apenas 7,6% destinado à agricultura, é um modelo de conservação e boas práticas agrícolas. No entanto, a ABIOVE continua a omitir essa realidade em seus discursos, promovendo uma imagem distorcida do agronegócio brasileiro.

É fundamental questionar se a moratória realmente atende aos princípios de um desenvolvimento sustentável e inclusivo, ou se está sendo usada como uma estratégia para criar problemas fictícios e vender soluções lucrativas à custa do país e de seus produtores.

Fonte: portaldoagronegocio

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