A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) concluiu recentemente um levantamento abrangente que revela a relevância das agroindústrias familiares no estado. Segundo o estudo, Minas Gerais conta com 32.615 unidades de processamento em 737 municípios, responsáveis por uma produção anual superior a 148 mil toneladas de alimentos.
De acordo com o levantamento, 98,1% dessas agroindústrias são geridas por uma única família, demonstrando a predominância de empreendimentos individuais. O estudo integra o sistema eletrônico Safra agroindústria, criado pela Emater-MG para monitorar, anualmente, a produção de alimentos nos municípios mineiros. “O Safra Agroindústria é uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento econômico, social e ambiental de Minas Gerais”, ressalta Laura Peres de Castro Penna, assessora técnica da Emater-MG e coordenadora do levantamento. Segundo ela, o sistema facilita a implementação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas, promovendo o crescimento sustentável das agroindústrias familiares.
Um exemplo de sucesso vem de Queluzito, onde Ligiane Copati de Almeida, formada em enfermagem, decidiu mudar de carreira e, junto com o marido, fundou um laticínio em uma propriedade arrendada. Semanalmente, o casal processa cerca de 400 litros de leite para a produção de 19 sabores diferentes de iogurtes artesanais, utilizando frutas cultivadas na própria propriedade. Ligiane destaca a importância da habilitação sanitária para a expansão das vendas e revela planos para investir em uma câmara fria e uma envasadora, visando profissionalizar ainda mais o negócio.
Diversidade e Produção
O levantamento da Emater-MG identifica 12 categorias principais de agroindústrias familiares: carnes, frutas, cana-de-açúcar, mandioca, milho, mel, quitandas, hortaliças e condimentos, leite, queijos artesanais, café e ovos. Entre os produtos de destaque, os derivados do leite se sobressaem, com 11.332 unidades dedicadas à produção de queijos artesanais como queijo Minas Artesanal, Requeijão Moreno e Queijo Cabacinha, além de iogurtes, manteiga e doces de leite.
Em seguida, as agroindústrias de mandioca somam 5.647 unidades, produzindo beiju, farinha e polvilhos. Já a terceira maior categoria é a de cana-de-açúcar, com 3.696 estabelecimentos focados na produção de cachaça, rapadura e açúcar mascavo. Outras categorias incluem quitandas, ovos, mel, hortaliças, frutas, café, milho e carne.
Capacitação e Expansão
A Emater-MG tem desempenhado um papel crucial na capacitação dos agricultores familiares, promovendo boas práticas agropecuárias, tecnologia de alimentos e gestão. Marcos Vinícius Lazzarin Pereira, por exemplo, encontrou na produção de mandioca uma alternativa de renda em Coromandel. Com o apoio da Emater-MG, ele transformou a varanda de casa em uma pequena agroindústria, processando 700 quilos de mandioca por semana.
Distribuição Regional
O relatório também destaca a distribuição geográfica das agroindústrias familiares em Minas Gerais. No Norte do estado, a região de Salinas se destaca pela produção de cachaça, enquanto as regiões de Guaxupé, Ipatinga e São João del-Rei apresentam maior concentração de agroindústrias de laticínios. No Sudoeste, nas áreas de Alfenas e Guaxupé, predominam as agroindústrias de café.
Comércio Eletrônico
Visando ampliar o alcance dos produtos da agricultura familiar, a Emater-MG lançou, no final de 2023, a plataforma ÉdoCampo (www.edocampo.com.br), que oferece cerca de 470 itens de 76 agricultores mineiros. A iniciativa integra o Programa de Apoio à Comercialização Eletrônica de Produtos e Serviços da Agricultura Familiar, contribuindo para a inserção dessas agroindústrias no mercado digital.
Fonte: portaldoagronegocio