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Agronegócio

Impacto da fraqueza econômica chinesa no agronegócio brasileiro: análise e perspectivas

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A fraqueza da economia chinesa ocorrida no segundo trimestre, se persistir, vai interferir no agronegócio brasileiro. De abril a junho, os indicadores apontaram uma evolução de apenas 0,8% no PIB (Produto Interno Bruto). O país está habituado a taxas bem acima dessa.

E os sinais neste início de segundo semestre também são de quedas no emprego, na construção civil, em serviços e nas exportações. Assim como é bom para a China quando a atividade agropecuária do Brasil vai bem, é bom para a agropecuária brasileira quando a economia chinesa também vai bem.

O nível de dependência entre os dois países nesse setor não permite retrações de nenhum dos lados.

Os chineses, devido à elevada demanda, são importantes na sustentação dos preços internacionais, que já vêm tendo desaceleração neste ano. Por serem os principais importadores de vários produtos brasileiros, acabam sendo formadores de renda dos produtores nacionais.

Nos anos 2000, a China era destino de 3,5% das exportações brasileiras do agronegócio. Em 2015, já eram 28%, subindo para 37% nos sete primeiros meses deste ano. Dos US$ 97 bilhões de receitas recebidas pelo Brasil até julho, 37% vieram da China.

O apetite chinês sempre esteve voltado para a soja. Em anos recentes, no entanto, houve uma diversificação. Eles se tornaram também importantes na compra de outros alimentos, como carnes, mas também aumentaram a aquisição de algodão e celulose.

Os dez principais produtos da pauta de exportações do agronegócio brasileiro representam 88% de todas as receitas do setor. Os chineses participam com US$ 35 bilhões nesse ranking dos dez principais, somando 41% desse total.

Bem distantes da China, vêm nessa lista dos maiores importadores do Brasil os Estados Unidos, a Holanda, o Japão e a Indonésia. Os americanos, segundo no ranking dos dez principais produtos brasileiros do agronegócio, deixaram apenas 10% do valor gasto pelos chineses.

A soja é, de longe, o principal produto adquirido pelos chineses. Ficam com 70% das exportações brasileiras. De janeiro a junho, foram para o mercado chinês 50,4 milhões de toneladas da oleaginosa das 72,5 milhões comercializados pelo Brasil.

A preferência da China pela soja em grão fica evidente nas importações de farelo de soja. Mesmo o Brasil assumindo temporariamente a liderança mundial nesse produto neste ano, os chineses adquiriram apenas 1% do farelo de soja exportado pelos brasileiros.

No caso do óleo de soja, devido às dificuldades de oferta de produtos similares, como o óleo de girassol da Ucrânia, as compras chinesas atingiram 12% das exportações brasileiras.

Alguns produtos importantes na pauta de exportações do Brasil, como o café e suco de laranja, têm pouca atração no mercado chinês. O cenário econômico da China não interfere nesses setores.

Outros, no entanto, como as carnes, dependem muito da demanda chinesa. As exportações totais do setor somaram 5,1 milhões de toneladas neste ano, sem considerar miudezas e derivados, com avanço de 6%. As receitas, no entanto, caíram 7%, segundo o Ministério da Agricultura.

O volume de venda externa de carne de frango e suína aumentou, mas a de boi, com a redução da participação da China no mercado, caiu 4% em relação a igual período do ano passado. Em receitas, a comercialização da carne bovina teve retração de 23%. O valor médio da tonelada, que era de US$ 5.921 em 2022, recuou para US$ 4.750 neste ano.

Alguns setores, embora com baixa participação no total da balança comercial brasileira, dependem muito dos chineses. As exportações de óleo de amendoim vêm crescendo graças às compras do país asiático. Neste ano, os chineses ficaram com 85% das vendas externas brasileiras.

O milho, ausente das compras chinesas até o ano passado, entrou na lista neste ano. A China já importou 2,25 milhões de toneladas deste cereal no ano, 12% do total exportado pelo Brasil. A participação chinesa impede quedas maiores nos preços no mercado interno.

Fora do setor de alimentos, celulose e algodão também têm boa dependência do mercado chinês. Até julho, 48% das exportações brasileiras de celulose foram para a China, enquanto as de algodão atingiram 13%.

Fonte: portaldoagronegocio

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