Sophia @princesinhamt
Agronegócio

Produtores da região apostam em frutas pouco conhecidas, mas rentáveis

2024 word3
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Dedicados ao mercado de frutas exóticas, produtores do Noroeste Paulista fazem de longo prazo em pomares em que a primeira produção pode demorar uma década para a primeira safra. Porém, a com as frutas – que se destacam pela beleza exótica e sabores pouco conhecidos, como a pitaia, a lichia e o mangostão -, garantem um mercado fruticultor diferenciado, e que podem atingir vendas de até R$ 300 (o quilo) para o fruticultor.

Além da rentabilidade, as frutas também atraem pela dos pomares. É assim com a lichia, uma fruta originária da China, e com o mangostão, conhecido como a fruta da rainha. Produzidas no pomar de Júlio Shimasaki, as frutíferas exóticas ganharam espaço entre outras mais conhecidas, como as goiabas e as carambolas, e agregaram mais valor para o produtor.

“Tenho o privilégio de iniciar a colheita da lichia em setembro aqui na região Noroeste Paulista, quando o preço atingiu R$ 311,90 o quilo que eu comercializei neste ano. Mas agora, que é safra em outros locais e há maior oferta, o preço chega a R$ 40 na comercialização do quilo da lichia”, diz Júlio.

Se adiantar na colheita da lichia também é um diferencial para garantir lucratividade, de acordo com o fruticultor Koitiro Sato. Aos 80 anos, ele diz que plantava abacaxi quando teve a ideia de cultivar a desconhecida lichia, na década de 1990. “Quando plantei o primeiro pé de lichia, não sabia nem como era o gosto da fruta. Mas a minha irmã, que morava em São Paulo, já dizia que o negócio com essa fruta seria bom”, ressalta.

Koitiro conta ainda que nesta época, apesar de a lichia ter maior oferta nos principais centros comerciais do País, os preços continuam razoáveis, com as frutas sendo comercializadas a R$ 40 (o quilo). “No supermercado, a cumbuca (embalagem plástica) de 500 gramas pode ser vendida até por R$ 50”, diz o produtor.

MANGOSTÃO

Júlio conta que o mangostão é também conhecido como fruta da rainha, pelo fato de ser muito apreciado pela rainha Vitória da Inglaterra, na época em que foi descoberto, em 1837. “Quando o mangostão chegou ao Brasil, meu pai, em meados de 1980, pegou a caminhonete e foi conhecer a fruta em Belém, no estado do Pará. Comentava-se naquela época que cada fruta era comercializada a um dólar”, diz Júlio.Atualmente, ele possui 200 árvores de mangostão, uma fruta exótica de polpa com sabor leve e adocicado. No início, Júlio lembra que não foi fácil produzir o mangostão, que só teve uma boa safra após 15 anos de . “Esse ano a produção está razoável, depois de um inverno atípico do ano passado e que prejudicou 80% da colheita. A venda, nesta safra que ainda está se iniciando, deve ser em torno de R$ 20 a R$ 45 o quilo”, conclui.

PITAIA GANHA MERCADO

Apesar de a fruta-dragão, como também é conhecida a pitaia, integrar com pouca frequência a mesa dos consumidores brasileiros, o produtor William Barcelos, também conhecido como Bill, investiu na plantação. Segundo ele, a pitaia tem ganhado espaço nos supermercados, e está a cada ano mais conhecida do público. “Hoje as pessoas fazem muita geleia, sorvete e que levam a pitaia. É uma fruta que se destaca, e nesta época do ano, de festas, enfeita as mesas com sua beleza exótica”.

A produtividade da fruta é considerada boa pelo produtor, em média de 25 kg por árvore cultivada no pomar. Mas Bill explica que o plantio precisa de um manejo adequado, não sendo recomendado o cultivo sem conhecimentos específicos sobre a fruta. De acordo com o produtor, os preços ainda não são ideais para os investimentos feitos no pomar, e oscilam entre R$ 12 e R$ 15, o quilo, na safra de 2022.

Já para a produtora Helena Lazari Ruiz Lourenço, as vendas com a pitaia, no ano passado, foram satisfatórias. Ela comercializou o quilo por R$ 20. Neste ano, as primeiras floradas começaram em novembro, o que sinaliza que ainda está no início da colheita da fruta.

Helena, que é professora aposentada, conta que queria investir em uma plantação de fruta que não necessitasse tanta poda, como por exemplo, a uva, e nem de tantos tratamentos com defensivos agrícolas. “Busquei recomendação técnica e hoje cultivo 150 plantas de pitaia, todas sem o uso de produtos químicos. A pitaia, além da beleza, é uma fruta muito saudável”, comenta a produtora. (CC)

CUIDADOS EXTRAS NO CULTIVO

O engenheiro agrônomo Gilberto Massami Watanabe, da Casa da Agricultura de Lavínia, recomenda cautela para o produtor que vai investir em frutas exóticas, em especial com a lichia e o mangostão. “São frutos de excelentes ganhos para o produtor, mas não produzem com muita rapidez como outras frutíferas. A lichia, por exemplo, pode demorar mais de dez anos para ter uma produção comercial”, pontua.

Na implantação de um pomar de frutas exóticas, Gilberto alerta que o produtor precisa de outra renda, já que terá muitos gastos com pulverizações de defensivos, produtos a base de enxofre, e que custam caro para produção dessas frutas. “O mangostão é uma fruta de alto investimento e precisa, nos anos da cultura, de sombra para se desenvolver”.

Por outro lado, o agrônomo diz que os produtores da região do Noroeste têm conseguido produzir muitas frutas exóticas na entressafra da cultura no País. “A vantagem é a colheita de lichia ser antes de dezembro, o mês que normalmente é a época de safra em outros estados brasileiros. Com isso, o produtor da região consegue preços bem melhores”, afirma Gilberto.

Fonte: portaldoagronegocio

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.