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Agronegócio

Setor sucroenergético: uma análise de 2022 e as expectativas para 2023

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Setor sucroenergético: uma análise de 2022 e as expectativas para 2023

Em fevereiro deste ano a Rússia invade a Ucrânia e assustou nosso Agro com os riscos de nossa dependência por fertilizantes desses países, principalmente da Rússia. Pressionados pelas sanções vindas do Ocidente, China com os EUA e Rússia contra todos, com esse turbilhão de problemas ou essa revoada de cisnes negros, mesmo com a pandemia que estava no caminho de se tornar endemia assolando a China em seu caminho de COVID “zero”, foi também em 2022 que se acelerou o processo europeu contra o Brasil e seu desmatamento na Amazônia, mesmo que ilegal, duríssimas eleições majoritárias entre extremos no Brasil e as consequências que virão dessa divisão impressionante.

Em 2022, safra 2022/23, iniciada praticamente em abril/22, contabilizava-se a herança maldita de 2021 (seca, geadas, incêndios) com um início ruim de resultados na moagem. Por um lado, preços bons e, por outro, baixa produtividade.

A magia do clima novamente aconteceu (no entanto, não em todas as regiões), com chuvas no outono e no inverno e, em seguida, uma primavera aguada! A produtividade agroindustrial da 2022/23 — Centro/Sul, deverá fechar 7,5% acima da 2021/22, na média da região. Mesmo assim, é baixa (72 — 73 tc/ha) pois a produtividade final da 2021/22 foi medíocre, salvo pelos altos preços internos e os do mercado internacional.

Quando se aproximam as eleições de final de out/22 o governo reduz a zero os impostos incidentes na gasolina e no etanol, atingindo de frente os seus preços que derrubaram o valor do ATR (R$/kg) ao produtor de cana.

Petróleo alto, impacto negativo dos custos elevados, juros altos e bons preços do açúcar e do etanol até out/22 seguraram a onda das margens industriais. Houve redução de endividamento entre 2021 e 2022 e mantém os investimentos em 2022. Com a ação dos impostos, houve queda expressiva nos preços do etanol.

As chuvas comentadas esverdearam o canavial, que muito bem se forma para a safra 2023/24, mas que ainda carrega as “dívidas” da 2021/22! Há falhas, mas plantio maior em 2022; a produtividade vai ser maior na 2023/24, mas, talvez, uma área levemente menor. Com uma idade média menor, pela maior renovação dos canaviais, há, realmente, expectativas positivas. O que seria isso? É realmente importante a diferença da safra 2023/24 sobre a 2022/23?

A safra 2022/23 deverá fechar com moagem de + 540 milhões de toneladas de cana no Centro/Sul e um rendimento de 140 kg ATR/ton cana: com 45,7% como mix de açúcar, deverá produzir 32,9 milhões de toneladas de açúcar e 24,2 bilhões de litros de etanol. Para a 2023/24, mesmo que melhore a produtividade a 78 ton cana/ha (novo ganho relevante como a da 2022/23 sobre a 2021/22) se irá colher 569,5 milhões de toneladas de cana. Com 140 kg ATR/tc e com mix de 46% em açúcar, se poderá obter + 35 milhões de toneladas de açúcar e + 25 bilhões de litros de etanol, números bem abaixo da capacidade industrial instalada do setor.

Novidade nisso? Não! O mercado global já conta com algo assim!

O que pode interferir em uma boa expectativa para a safra 2023/24? Queda nos preços do petróleo, face recessão nos países ricos ou alguma medida heterodoxa do novo governo! O mais fácil é que os impostos voltem nos combustíveis em 01/01/23, gerando suporte de preços e mercado ao etanol; o açúcar seguirá com bons preços e a OPEP+ fará a diferença reduzindo a oferta de petróleo. Essa a receita de nova boa safra ao agronegócio canavieiro em 2023/24!

É fundamental seguir investindo no verde, na esperança do copo meio cheio e no potencial canavieiro em recuperação.

Aproveitamos o final de 2022 para desejar aos leitores um ótimo Natal e próspero 2023!

Luiz Carlos Corrêa Carvalho – Presidente da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, diretor da UDOP – União Nacional da Bioenergia, engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz Queiróz (ESALQ/US) e pós-graduado em agronomia e administração pela Faculdade de Economia da USP e Vanderbilt University (USA).

Fonte: portaldoagronegocio

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