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Tarifa de 46% abre oportunidades para o café conilon brasileiro nos EUA

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A imposição de tarifas sobre as exportações de café por parte dos Estados Unidos, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, pode redesenhar o cenário global do mercado cafeeiro em 2025. A medida estabelece alíquotas elevadas para os principais países exportadores, colocando o Vietnã — maior fornecedor mundial de café robusta/conilon — diante de uma sobretaxa de 46%, enquanto o Brasil, em comparação, enfrenta uma tarifa de apenas 10%.

De acordo com a consultoria Pine Agronegócios, o impacto da medida poderá favorecer diretamente o café conilon brasileiro, ao tornar o produto nacional mais atrativo diante da elevação dos preços do grão vietnamita no mercado americano. “Se esse cenário se confirmar, as importações dos Estados Unidos provenientes do Vietnã devem cair significativamente. Atualmente, o país asiático exporta cerca de US$ 550 milhões em café robusta para os EUA, o que corresponde a aproximadamente 1,797 milhão de sacas — 11,7% do volume total exportado pelo Vietnã”, aponta o relatório.

Ainda segundo a análise, com a possível retração nas vendas vietnamitas para os EUA, a tendência seria de redirecionamento dos grãos para o mercado europeu. Isso criaria um efeito duplo: aumento da demanda pelo café brasileiro nos Estados Unidos e maior disponibilidade do grão vietnamita na Europa.

Reconfiguração do mercado robusta

A analista de inteligência de mercado da Hedgepoint, Laleska Moda, avalia que a nova política tarifária poderá alterar o equilíbrio da demanda global. “Os países asiáticos ainda são os principais fornecedores de robusta/conilon para os EUA. Com tarifas mais elevadas sobre esses cafés, os Estados Unidos devem buscar origens mais competitivas, como Brasil e Uganda, enquanto o excedente asiático pode ser redirecionado para outros destinos”, explica.

Apesar do bom momento para o café nacional, questões logísticas internas ainda impõem desafios. O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Ferreira, lembra que muitas exportações realizadas pelo Vietnã e pela Indonésia no primeiro bimestre de 2025 referem-se a contratos fechados em 2024, quando o grão brasileiro estava mais competitivo. “Infelizmente, a deficiência da infraestrutura portuária nacional tem gerado atrasos recorrentes, com mudanças de escala, rolagens de carga e impacto nos embarques”, comenta Ferreira.

Ainda assim, os Estados Unidos permaneceram como o principal destino do café brasileiro no primeiro bimestre deste ano, com importação de 1,206 milhão de sacas — volume que representa 16,6% do total exportado pelo Brasil, apesar de indicar queda de 12,3% em relação ao mesmo período de 2024.

Perspectiva de crescimento e oportunidade estratégica

O diretor executivo da MM Cafés, Marcus Magalhães, enxerga uma oportunidade estratégica para o Brasil conquistar o mercado americano com o robusta/conilon. “Há dois anos, em meio a dificuldades climáticas e logísticas no Vietnã e na Indonésia, o Brasil reposicionou o conilon na Europa com sucesso. Agora, com uma tarifa de apenas 10% frente aos 46% do Vietnã, temos chance real de expandir nossa presença nos Estados Unidos. Nossos preços estão cerca de 30% mais baixos que os de outros países exportadores. É um cenário extremamente favorável”, ressalta.

O cenário se torna ainda mais promissor considerando a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2025: crescimento de 17,2% na produção brasileira de café conilon/robusta. Ao mesmo tempo, o Vietnã enfrenta uma quebra de safra estimada em 10%, reforçando ainda mais o potencial de expansão do Brasil no mercado internacional.

Fonte: portaldoagronegocio

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