Importadores chineses têm diminuído as compras de canola canadense, com as encomendas previstas para dezembro em queda. A hesitação reflete o receio de que Pequim possa impor tarifas antidumping em resposta às medidas tomadas por Ottawa contra veículos elétricos chineses.
A relação comercial de canola entre os dois países movimenta cerca de US$ 2 bilhões por ano. Contudo, a redução nas importações pela China, maior compradora mundial do produto, pode intensificar a pressão sobre os contratos futuros de canola da ICE, que já caíram mais de 10% no último mês.
“A China ainda não implementou tarifas, mas o efeito desejado já foi alcançado. As compras de canola canadense praticamente pararam”, afirmou um trader de uma empresa internacional de oleaginosas que atende o mercado chinês.
Estoques Internos e Mudança de Origem
Embora a China tenha recebido volumes recordes de canola canadense entre setembro e novembro — com 863 mil toneladas em outubro e 500 mil em novembro — os embarques contratados para dezembro caíram para cerca de 250 mil toneladas, conforme relataram comerciantes de sementes oleaginosas em Cingapura.
A canola é amplamente utilizada para produção de óleo de cozinha, farelo para ração animal e combustíveis renováveis. Apesar disso, as reservas acumuladas garantem abastecimento no mercado chinês até fevereiro, o que pode mitigar os efeitos de uma possível interrupção no fornecimento.
Além disso, plantas de processamento de oleaginosas na China têm optado por soja como alternativa à canola. “Muitas empresas de esmagamento de colza estão migrando para soja, em grande parte devido ao temor de riscos políticos”, afirmou Gan Quankun, diretor da Zhangchiyoudao Asset Management.
Alternativas Comerciais e Preferência do Consumidor
Ainda que a China procure diversificar fornecedores — incluindo a Austrália, Rússia e Mongólia — a preferência do consumidor chinês pelo óleo de canola, mesmo com preços mais altos, deve manter a demanda no varejo.
Dados alfandegários revelam que, entre janeiro e outubro deste ano, a China importou 5,07 milhões de toneladas métricas de canola, um aumento em relação às 4,27 milhões do mesmo período no ano passado. Deste total, 4,84 milhões de toneladas vieram do Canadá, enquanto a Rússia e a Mongólia responderam por 184.555 e 46.366 toneladas, respectivamente.
Apesar das incertezas comerciais, especialistas destacam que a demanda global por canola continua em alta, particularmente em mercados onde o produto é utilizado em combustíveis renováveis e alimentação animal.
Fonte: portaldoagronegocio