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Mariana Ortega. Fundação Mato Grosso
Produtores que investiram no milho segunda safra de 2025 enfrentaram desafios com o aumento dos ataques da Spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta-do-cartucho. O problema tem relação direta com a perda de eficácia da biotecnologia VIP, presente nas sementes de milho transgênico, o que obrigou muitos agricultores a intensificarem o uso de inseticidas nesta temporada.
Segundo a pesquisadora Mariana Ortega, da Fundação Mato Grosso (Fundação MT), houve casos de produtores que precisaram aplicar inseticidas até sete vezes na lavoura, contrariando o planejamento inicial que previa no máximo duas aplicações. A quebra na tecnologia gerou aumento nos custos de produção e exigiu ações emergenciais para preservar o potencial produtivo das áreas afetadas.
Biotecnologia VIP perde eficácia no controle da praga
A biotecnologia VIP, a mais recente do mercado, atua inserindo uma proteína nas plantas de milho para garantir resistência contra a lagarta. No entanto, a adaptação do inseto a essa tecnologia tem sido observada ao longo das últimas safras.
“Essa quebra de eficácia acendeu um alerta. Algumas moléculas de defensivos também já mostram queda na eficiência, e o uso intensivo pode acelerar esse processo”, explica Ortega. Por isso, o uso correto dos defensivos — no momento e dose adequados — se torna crucial para evitar a perda de mais ferramentas de controle.
Monitoramento e controle integrado são fundamentais
Para enfrentar esse novo cenário, a Fundação MT reforça a importância do monitoramento constante das lavouras. A prática permite que o produtor identifique o estágio correto da praga e aumente a eficácia das intervenções.
Além disso, o controle biológico surge como uma alternativa complementar indispensável. A combinação entre produtos biológicos e químicos oferece um controle mais completo: enquanto os químicos têm ação rápida, os biológicos permanecem por mais tempo no ambiente, atingindo a lagarta em locais de difícil acesso, como o interior do cartucho ou da espiga.
“Não é uma escolha entre um ou outro. A integração entre ambos é o caminho para um manejo mais eficiente e sustentável”, ressalta a pesquisadora.
Safra 24/25 tem bom desempenho, mas cenário preocupa futuro
Apesar dos desafios fitossanitários, a segunda safra de milho em Mato Grosso mostra resultados positivos. Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), mais de 90% da área cultivada já foi colhida, e a expectativa é que o estado alcance 54 milhões de toneladas — alta de 14,52% em relação à temporada anterior.
A produtividade média também foi revisada para cima, passando de 117,74 para 126,25 sacas por hectare, crescimento de 10,66%.
Entretanto, os bons números não apagam o alerta ligado para as próximas safras. A ausência de novas biotecnologias de curto prazo para o controle da lagarta exige mudanças imediatas no manejo fitossanitário das lavouras, especialmente na safrinha.
“O momento é crítico. Será necessário combinar ferramentas como controle químico e biológico, armadilhas para monitoramento de mariposas, atrativos alimentares e feromônios sexuais para minimizar perdas”, orienta Mariana Ortega.
Fundação MT oferece suporte técnico e pesquisa de manejo
Para auxiliar os produtores rurais, a Fundação Mato Grosso disponibiliza um serviço de consultoria agronômica que realiza acompanhamento técnico nas lavouras. A instituição também mantém um grupo de pesquisadores dedicado a testar e validar ferramentas disponíveis no mercado, como produtos biológicos, químicos, armadilhas, feromônios e outros recursos de controle.
“Nossa missão é fornecer informações técnicas confiáveis que ajudem o consultor e o produtor a tomar decisões mais eficazes no campo. A Spodoptera frugiperda é uma praga difícil de controlar e pode gerar prejuízos significativos”, finaliza Ortega.
Mais informações
Para saber mais sobre os serviços e pesquisas da Fundação Mato Grosso, acesse: www.fundacaomt.com.br
Fonte: portaldoagronegocio