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Agronegócio

Preparando a Pecuária Brasileira para o Cenário Global: Desafios e Oportunidades

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O Brasil, líder mundial na exportação de carne bovina, enfrenta desafios significativos em seus mercados consumidores, especialmente na União Europeia, que em breve implementará sua nova lei antidesmatamento. A adaptação às novas demandas pode colocar a pecuária brasileira em uma posição de destaque não apenas na Europa, mas em todo o mundo. Essa foi a mensagem central transmitida durante o Diálogo Inclusivo – Oportunidades e Soluções para o Produtor Atender ao EUDR, realizado na manhã de quarta-feira (30).

Este encontro virtual foi o segundo de uma série promovida pela Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável (MBPS), com o objetivo de discutir os desafios que a cadeia de valor da pecuária brasileira enfrentará diante da iminente vigência da legislação europeia. Diversos participantes compartilharam soluções e alternativas que podem auxiliar os produtores rurais na adaptação às exigências da nova norma.

O evento contou com a participação de Clecivaldo Ribeiro, da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura e Pecuária (SDI/MAPA); Marina Guyot, do Instituto de Manejo e Certificação Florestal Agrícola (Imaflora); Ricardo Andrade, do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB); e Patrícia Arantes, da Sociedade Rural Brasileira (SRB). A mediação foi conduzida por Danielle Schneider, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).

Novos Mercados e Desafios

Com um rebanho superior a 230 milhões de cabeças e um sistema robusto de monitoramento do desmatamento, o Brasil está à frente de muitos mercados em termos de adoção de práticas ambientalmente sustentáveis. Contudo, o país ainda precisa enfrentar problemas persistentes na cadeia produtiva para atender às novas regulamentações.

Nos últimos anos, diversas iniciativas surgiram para apoiar essa adaptação, como o programa Boi na Linha, que auxilia o Ministério Público Federal na implementação do Termo de Ajustamento de Conduta da Carne. Outras iniciativas mencionadas durante o diálogo incluem a plataforma AgroBrasil+Sustentável, desenvolvida pelo Governo Federal, que visa reunir em um único local os diversos dados gerados na cadeia, e o Guia CICB de Matérias-Primas, que estabelece padrões e melhores práticas para monitoramento e rastreabilidade de peles bovinas.

Apesar dos progressos, os participantes do debate ressaltaram que ainda existem desafios a serem superados, como o monitoramento efetivo de fornecedores indiretos, a oferta abrangente de assistência técnica a produtores rurais e a criação de mecanismos adequados para a readequação de produtores que não atendem às normas.

“A solução dialogada, com foco na cooperação entre os elos da cadeia, é essencial para garantir a prosperidade econômica do agronegócio”, afirmou Patrícia Arantes, da Sociedade Rural Brasileira.

Brasil na Vanguarda da Sustentabilidade

O novo regulamento europeu apresenta aspectos que ainda precisam ser aprimorados, incluindo o respeito à soberania dos países exportadores e às normas internas de cada nação. Para que a norma entre efetivamente em vigor, a Comissão Europeia precisará resolver divergências e falhas no processo, conforme ressaltaram os participantes do Diálogo Inclusivo.

Apesar das melhorias necessárias, há um consenso de que o Brasil já se destaca no cumprimento de normas socioambientais emergentes. “Temos uma trajetória positiva a ser mostrada, e as parcerias que construímos entre os diferentes elos do setor, focadas em produzir de maneira correta, nos preparam para enfrentar as exigências globais”, afirmou Clecivaldo Ribeiro, representante do Ministério da Agricultura.

Os participantes também destacaram que a criação de novas regulamentações internacionais relacionadas à proteção ambiental é um fenômeno crescente entre as nações importadoras. Mesmo que com abordagens distintas, importantes mercados, como a China, estão avançando nessa pauta. “Estamos diante de uma crise climática global e precisamos melhorar nossa performance ambiental. Se adotarmos uma postura de resistência, nossas relações comerciais poderão ser afetadas. O Brasil possui um dos maiores ativos ambientais do mundo na produção de gado, e isso deve ser valorizado”, enfatizou Marina Guyot, do Imaflora.

O que é o EUDR?

A sigla EUDR refere-se ao Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (European Union Deforestation-Free Regulation). Essa nova legislação visa combater o desmatamento global, proibindo a importação de produtos agropecuários ligados à destruição de vegetação nativa. A norma está prevista para entrar em vigor em 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e em 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas, embora essa prorrogação ainda precise ser aprovada pelo Parlamento Europeu.

A íntegra do Diálogo está disponível no canal da MBPS no YouTube.

Fonte: portaldoagronegocio

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