No início de março, os preços do trigo no Brasil seguiram a tendência de alta, impulsionados pela demanda firme e pela oferta limitada. No Rio Grande do Sul, o preço médio alcançou R$ 69,36 por saca, enquanto no Paraná o valor chegou a R$ 77,00 por saca, refletindo a escassez de grãos de qualidade superior. Em contraste, o mercado internacional viu queda nas cotações, com o contrato de trigo em Chicago registrando um valor de US$ 5,18 por bushel em 4 de março, o mais baixo desde agosto de 2024, embora tenha se recuperado para US$ 5,37 no fechamento do dia 6.
Nos Estados Unidos, as exportações de trigo atingiram 389.593 toneladas na semana encerrada em 27 de fevereiro, alinhando-se com as expectativas do mercado. O volume acumulado da temporada chegou a 15,6 milhões de toneladas, um aumento de 20% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A produção de trigo na China deverá ser elevada em 2025, reduzindo a necessidade de importações e, consequentemente, impactando a demanda global. O país asiático colheu 140,1 milhões de toneladas de trigo no ano passado e mantém estoques elevados, enquanto a recente retaliação contra as tarifas dos EUA inclui novos impostos sobre produtos agrícolas, o que adiciona incertezas ao comércio internacional do cereal.
No Brasil, os produtores se preparam para o início do plantio da safra de trigo de sequeiro no Cerrado, que ocorre após a colheita da soja. Essa modalidade de cultivo tem se expandido, com estimativas de aumento de 5% a 10% na área plantada, podendo chegar a 250 mil hectares. Goiás deve liderar essa expansão, com um crescimento de até 15%.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma área total de 3 milhões de hectares para a safra de 2025, com produção estimada em 9,1 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul e o Paraná continuam a ser os principais estados produtores, respondendo por 81% da oferta nacional. A colheita da safra de sequeiro, prevista para os meses de junho e julho, deverá garantir grãos de alta qualidade e livres de micotoxinas, como a giberela, que afeta as lavouras do Sul em anos com maior volume de chuvas.
Fonte: portaldoagronegocio