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O preço do cacau em alta: como isso impacta o consumo de bombons no Brasil

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Crise global do cacau pressiona preços do chocolate no Brasil

No Dia Mundial do Chocolate, comemorado nesta segunda-feira (7), um levantamento da Neogrid — empresa especializada em tecnologia e inteligência de dados para a cadeia de consumo — revela os impactos da crise global do cacau sobre o bolso do consumidor brasileiro. A elevação dos preços da matéria-prima tem encarecido os derivados do cacau, tornando o chocolate cada vez menos acessível.

Quebra de safra e alta recorde no preço do cacau

O principal fator por trás da alta está na quebra de safra nos países da África Ocidental, responsáveis por cerca de 65% da produção global de cacau. Em Gana, segundo maior produtor do mundo, 81% das plantações estão afetadas pelo vírus do broto inchado do cacau (CSSV), conforme relatório da Organização Internacional do Cacau.

O cenário provocou uma disparada nos preços da matéria-prima, que triplicaram e atingiram, em abril, o maior valor em 50 anos.

Evolução dos preços no Brasil

Entre junho de 2024 e janeiro de 2025, os preços médios das barras de chocolate e dos bombons subiram, atingindo seus picos no início de 2025:

  • Bombons: R$ 113,93 (pico), recuando para R$ 107,94 em maio
  • Barras de chocolate: alcançaram R$ 113,84, caíram, mas voltaram a subir em abril, chegando a R$ 108,73

Já o creme de chocolate foi a única categoria com alta contínua no período, encerrando maio a R$ 99,41, após uma elevação de 14,7% em 12 meses.

Bombons e recheados conquistam espaço no consumo

Apesar da pressão nos preços, os bombons e chocolates recheados seguem com alta presença entre os consumidores. Em maio, 67,3% das compras incluíram esses produtos, um avanço de 2,1 pontos percentuais em relação a janeiro.

Por outro lado, as barras de chocolate perderam espaço, com queda de 5,1 p.p. no período.

“O consumidor já espera pagar mais por chocolate e, por isso, opta por itens mais sofisticados e com apelo sensorial, como os bombons”, explica Anna Carolina Fercher, líder de Dados Estratégicos da Neogrid.

Chocolate em pó perde espaço; cacau em pó avança

O levantamento também indica mudanças nas categorias voltadas ao preparo caseiro:

  • Chocolate em pó: caiu de 84,7% para 79% de presença nas compras entre janeiro e maio
  • Cacau em pó: subiu de 15,7% para 21,5% no mesmo período, mesmo com alta de 6,2% no preço, encerrando maio a R$ 94,34 o quilo

O chocolate em pó ainda aparece ligado ao uso doméstico, especialmente com itens como biscoitos, leite condensado e creme de leite. Já os chocolates prontos têm consumo mais associado a snacks, refrigerantes e pães.

Mudanças de hábito devem continuar

Segundo Fercher, mesmo com um recente alívio nos contratos futuros do cacau, o consumidor já alterou seus padrões de compra, demonstrando novas preferências e valorizando produtos que entregam mais experiência, qualidade e exclusividade.

“O impacto da alta histórica do cacau continua moldando o comportamento do shopper brasileiro”, conclui.

Fonte: portaldoagronegocio

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