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Negociações com trigo seguem em ritmo lento no Brasil: entenda a perspectiva do campo e dos moinhos

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Diogo Zanatta

O mercado brasileiro de trigo manteve o ritmo desacelerado nas negociações ao longo da última semana. A lentidão se deve à combinação de oferta restrita, condições climáticas desafiadoras nas lavouras e uma crescente dependência das importações, segundo avaliação de agentes do setor.

Condições das lavouras seguem, em geral, favoráveis

Apesar das adversidades climáticas enfrentadas durante o plantio e o desenvolvimento das lavouras, os estados do Paraná e Rio Grande do Sul — responsáveis por cerca de 90% da produção nacional — apresentam, de modo geral, bom estado das plantações, conforme análise do especialista Elcio Bento, da consultoria Safras & Mercado.

Preços variam entre estados e qualidade do grão

No Rio Grande do Sul, os preços do trigo variaram de R$ 1.300 a R$ 1.350 por tonelada (CIF moinhos), a depender da localidade. No interior do estado, o trigo pão tipo 1 foi negociado a R$ 1.300/tonelada (FOB), enquanto grãos de qualidade inferior, com menor “falling number”, foram vendidos entre R$ 1.210 e R$ 1.220/tonelada.

Já no Paraná, os moinhos demonstraram interesse em adquirir o trigo da safra velha por R$ 1.450/tonelada. Para a nova safra, as ofertas variaram entre R$ 1.350 e R$ 1.400/tonelada (CIF). No entanto, os produtores se mostraram mais resistentes, com pedidos de até R$ 1.500/tonelada.

Cautela dos moinhos e foco no consumo imediato

Os moinhos mantêm uma postura cautelosa, realizando apenas compras pontuais e voltadas ao consumo imediato. Segundo Bento, o atual cenário não permite elevações expressivas nos preços antes da chegada da próxima safra. Do lado dos produtores, o foco segue nos tratos culturais e há pouco interesse em avançar com vendas neste momento.

Clima segue como fator de atenção

No Paraná, 35% das lavouras se encontram em estágios sensíveis às baixas temperaturas, embora 82% das áreas sigam em boas condições, de acordo com o Deral. No Rio Grande do Sul, a Emater observou uma recuperação das lavouras após o excesso de chuvas registrado no final de junho.

Importações em alta e tendência de novo recorde

Mesmo sem perdas severas até o momento, a necessidade de importações segue elevada e pode alcançar níveis recordes na temporada atual. Levantamento da Safras & Mercado aponta que o Brasil já importou 5,837 milhões de toneladas de trigo na safra 2024/25 — volume 682 mil toneladas superior ao registrado no mesmo período do ciclo anterior. O estado de São Paulo lidera os desembarques, seguido por Ceará, Bahia, Pernambuco e Paraná.

Atenção ao câmbio e cenário internacional

O mercado permanece atento às oscilações cambiais e ao contexto externo. A possibilidade de os Estados Unidos aplicarem uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros ainda não avançou nas negociações, o que mantém os agentes em estado de alerta. Segundo Bento, uma eventual desvalorização do real frente ao dólar poderia sustentar os preços internos, que hoje estão atrelados à paridade de importação.

Fonte: portaldoagronegocio

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