
De acordo com Micaéla Diogo, bolsista da PUC Campinas, que desenvolveu seu trabalho na Embrapa Meio Ambiente, as condições de análise no equipamento foram individualmente otimizadas para cada pesticida, a fim de alcançar a máxima sensibilidade ao monitorar duas transições, uma para quantificação e outra para confirmação. “As medidas demonstram que esse método é eficiente e confiável para esse tipo de análise, com recuperações na faixa recomendada pela Agência de Vigilância Sanitária – Anvisa”, explica a bolsista.
Conforme a pesquisadora e orientadora da Embrapa Meio Ambiente Vera Ferracini, a contaminação aquática por agrotóxicos representa uma grave ameaça aos ambientes fluviais, estuarinos (ambiente aquático de transição entre um rio e o mar) e marinhos, afetando seus organismos, sendo os peixes um dos grupos mais prejudicados pelo crescente uso de agrotóxicos e seus metabólitos.
A entrada destes compostos nos sistemas hídricos frequentemente está associada ao escoamento de áreas agrícolas e urbanas, gerando efeitos prejudiciais ao crescimento, sobrevivência e reprodução dos organismos expostos a eles.
“O monitoramento dos peixes é fundamental para que possamos colaborar para manter o equilíbrio saudável do meio ambiente e, subsidiar a implementação de políticas públicas”, destaca Ferracini.
Além disso, o monitoramento de resíduos de agrotóxicos em diversos organismos avalia a toxicidade em ambientes prioritários para preservação, como áreas estuarinas e manguezais e verifica o impacto dos efeitos tóxicos nas biotas locais e nas relações ecossistêmicas. Devido a essa complexidade, é necessário estabelecer métodos de análise que sejas sensíveis e eficientes para um monitoramento efetivo dessas substâncias.
Produção nacional
Peixes representam a proteína animal mais consumida no mundo, e neste sentido, o Brasil se destaca pela prática da tilapicultura, sendo o sistema de produção agropecuário que mais cresce no mundo e apresenta grande potencial de expansão devido à busca dos consumidores por alimentos mais saudáveis. A contaminação aquática por agrotóxicos representa uma grave ameaça aos ambientes fluviais, estuarinos e marinhos, afetando seus organismos, sendo os peixes um dos grupos mais prejudicados.
O acúmulo, particularmente organoclorados, tem sido relatado em peixes provenientes de áreas agrícolas, urbanas, afastadas de desenvolvimento e até de piscicultura, algumas vezes com níveis acima do permitido, apresentando, portanto, riscos para a saúde.
Para aumentar a produtividade na aquicultura e garantir a qualidade dos organismos cultivados, alguns pesticidas têm sido utilizados visando regular o crescimento e controle de patologias e parasitas, prática que aumenta a produção, porém torna-se uma fonte de contaminação dos recursos hídricos e da biota, uma vez que esses produtos podem se espalhar pelo curso d´água podendo causar contaminação.
Por isso, a Anvisa e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar voltam a sua atenção para o desenvolvimento de leis no intuito de garantir a segurança alimentar da população, especialmente pelo Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos Animais, adaptado pelo Ministério da Agricultura da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, para promover segurança química em alimentos de produtos de origem animal e, os resultados das análises devem estar em conformidade com os limites de referência.
O estudo, apresentado no 16º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica – CIIC, é de Micaéla Diogo, bolsista PUC- Campinas, Débora Dutra, Embrapa Meio Ambiente, Carlos Alberto da Silva, Embrapa Tabuleiros Costeiros e Vera Ferracini, orientadora Embrapa Meio Ambiente.