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Julho: tradicionalmente o pior mês para vendas de milho no Brasil
A TF Agroeconômica reforça que o mês de julho segue sendo historicamente o mais desfavorável para a comercialização do milho no Brasil. A orientação da consultoria é clara: salvo em casos de extrema necessidade — como o pagamento de dívidas —, os produtores devem evitar vender neste período.
Para quem precisa realizar vendas agora, a recomendação é usar a receita obtida com o milho físico para investir em contratos futuros de compra na B3. Essa estratégia visa mitigar perdas, considerando a tendência de alta nos preços à medida que os estoques se reduzem nos próximos meses.
Fatores de alta no radar do mercado
A TF Agroeconômica destaca três fatores que podem impulsionar os preços do milho nos próximos dias:
- Movimento especulativo em Chicago: Fundos de hedge aproveitaram os preços baixos para ampliar suas posições, apostando na possibilidade de quebra de safra nos Estados Unidos, com previsão de clima adverso — calor intenso e chuvas insuficientes.
- Reaproximação comercial entre EUA e Japão: Um eventual acordo poderia reduzir tarifas e aquecer as exportações de milho norte-americano, valorizando os preços globais.
- Redução de oferta internacional: Com a saída momentânea de grandes exportadores como EUA e Argentina, o Brasil se destaca como principal fornecedor global diante da demanda crescente.
Por outro lado, o aumento das tarifas dos EUA sobre produtos canadenses, como o etanol — que responde por 35% das exportações americanas e consome até 37% da produção de milho para ração — pode gerar retaliações e pressionar a demanda pelo cereal.
Segunda-feira começa com ajustes nas bolsas
Na Bolsa Brasileira (B3), os contratos futuros de milho operavam em campo misto nesta segunda-feira (21). Por volta das 10h14, os preços variavam entre R$ 65,48 e R$ 74,21:
- Setembro/25: R$ 65,48 (+0,05%)
- Novembro/25: R$ 68,22 (+0,03%)
- Janeiro/26: R$ 71,88 (-0,18%)
- Março/26: R$ 74,21 (-0,19%)
No mercado internacional, os preços também abriram em queda na Bolsa de Chicago (CBOT):
- Setembro/25: US$ 4,06 (-2,50 pts)
- Dezembro/25: US$ 4,25 (-2,75 pts)
- Março/26: US$ 4,42 (-2,25 pts)
- Maio/26: US$ 4,52 (-2,25 pts)
Segundo o Farm Futures, o mercado aguarda o relatório do USDA com atualização sobre o desenvolvimento e a qualidade das lavouras norte-americanas.
Semana foi positiva na B3 e em Chicago
Apesar da cautela no início da nova semana, o milho fechou a semana passada com valorização tanto na B3 quanto em Chicago. O movimento foi impulsionado por fatores como:
- Alta do dólar (+0,71%), que favorece exportações brasileiras
- Previsões de clima adverso nos EUA, gerando compras técnicas
Atraso na colheita da safrinha no Brasil, que sustenta os preços futuros e já começa a refletir no mercado físico — o indicador Cepea subiu 0,76% na semana
- Desempenho dos principais contratos na B3:
- Setembro/25: R$ 65,48 (+R$ 1,00 no dia / +R$ 1,50 na semana)
- Novembro/25: R$ 68,25 (+R$ 0,48 no dia / +R$ 1,02 na semana)
- Janeiro/26: R$ 71,97 (+R$ 0,35 no dia / +R$ 0,57 na semana)
- Desempenho na CBOT:
- Setembro/25: US$ 4,08/bushel (+1,62% no dia)
- Dezembro/25: US$ 4,27/bushel (+1,60% no dia)
Perspectivas e desafios internacionais
Mesmo com a valorização recente, o mercado internacional segue pressionado por incertezas. Um ponto de atenção é a campanha de grandes empresas para substituir o xarope de milho por açúcar de cana, o que pode afetar significativamente o setor.
De acordo com a Associação de Refinadores de Milho, essa mudança poderia impactar a receita agrícola em até US$ 5,1 bilhões, caso ganhe escala.
Com um cenário ainda volátil, marcado por riscos climáticos nos EUA, oscilações cambiais e tensões comerciais, especialistas recomendam que os produtores brasileiros adotem uma postura estratégica, evitando vendas imediatas e monitorando o mercado para aproveitar melhores oportunidades de preço nos próximos meses.
Fonte: portaldoagronegocio