Estabilidade nas cotações em junho
O mercado brasileiro de trigo registrou estabilidade nos preços durante o mês de junho, após fortes quedas em maio. Segundo o analista Elcio Bento, da Safras & Mercado, os valores chegaram a um patamar em que os produtores passaram a resistir a novas reduções, resultando em negociações mais lentas.
Pressão dos preços internacionais
Os moinhos, por sua vez, não aumentaram suas ofertas, citando o cenário externo como justificativa. A entrada da safra no Hemisfério Norte, especialmente da Rússia, além das perspectivas de boas colheitas nos Estados Unidos, Canadá, Ucrânia e União Europeia, contribuíram para manter os preços internacionais em baixa. A Argentina, mesmo entre safras, também ainda possui produto disponível para exportação, aumentando a oferta global.
Estoques limitados no Brasil
Internamente, a oferta de trigo está limitada. O Paraná, principal produtor nacional, praticamente esgotou seus estoques, enquanto o Rio Grande do Sul ainda possui algum volume, mas com produtores retraídos devido aos preços insatisfatórios.
Tendência de baixa no segundo semestre
Com o avanço da colheita da safra brasileira — a partir de agosto no Paraná e de outubro no Rio Grande do Sul — a pressão sobre os preços deve se intensificar. A entrada da nova safra nacional e, posteriormente, da safra argentina, aumentará a disponibilidade interna. Se os preços internacionais e o câmbio permanecerem nos níveis atuais, a paridade de importação será o teto para os preços internos.
Impacto das condições climáticas
Apesar da expectativa de aumento da oferta, o analista alerta para riscos climáticos que podem alterar o cenário. Geadas no Paraná, excesso de chuvas no Rio Grande do Sul e seca no início do ciclo no Cerrado são fatores que podem causar perdas na produção. Caso haja uma quebra severa, a escassez poderá persistir mesmo durante a colheita.
Projeção para a safra 2024/2025
A Safras & Mercado estima que a produção brasileira de trigo para a safra atual ficará próxima a 8 milhões de toneladas, volume similar ou ligeiramente inferior ao do ano anterior. Caso esse número se confirme, a tendência é que a pressão sobre os preços continue durante o segundo semestre.
Fonte: portaldoagronegocio