Foto:
Everson de Souza
Negócios parados e pouca liquidez
O mercado de feijão encerrou a semana sem grandes movimentações, tanto para o feijão carioca quanto para o feijão preto. Segundo o analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, as vendas efetivas foram escassas, compradores recuaram e os preços se sustentaram principalmente pela retenção de oferta por parte dos produtores.
Feijão carioca com comercialização limitada
No caso do feijão carioca, a negociação permaneceu restrita, com as sobras sendo o principal volume ofertado no pregão da madrugada da Zona Cerealista — entre 4 mil e 8,5 mil sacas por dia, em média.
Oliveira destacou que a ausência de compradores na bolsa tem sido frequente. Quando presentes, atuam de forma cautelosa, optando por amostras e entregas programadas, o que reduz ainda mais a liquidez.
Preços e qualidade do produto
Apesar da demanda fraca, o feijão extra (notas 9 e superiores) manteve pedidas entre R$ 255 e R$ 260 por saca, enquanto grandes redes apresentaram propostas entre R$ 220 e R$ 230, sem consenso.
A terceira safra 2024/25 se destaca pela excelente qualidade, especialmente em Minas Gerais e Goiás, mas nem isso tem estimulado o consumo. Os preços FOB nas origens variaram de R$ 208 a R$ 214 por saca, dependendo da região.
Custos elevados e retração no consumo
A retração do consumo e a falta de reação do varejo preocupam o setor. De acordo com Oliveira, os preços atuais estão até 25% abaixo dos registrados em janeiro, o que não cobre os custos de produção. Como consequência, produtores começam a armazenar parte da safra, apostando em recuperação nos meses de entressafra.
Problemas logísticos, como o aumento do frete, especialmente em São Paulo, também pressionam as margens e dificultam a rotação de estoques.
Feijão preto também sem avanços
O cenário para o feijão preto foi igualmente parado. Corretores mantiveram pedidas de R$ 150 por saca COIF para feijão extra a granel, mas a falta de procura impediu negócios expressivos.
Lotes de padrão inferior foram negociados a R$ 140 por saca CIF SP, com possibilidade de atingir padrão extra após beneficiamento. As cotações FOB ficaram entre R$ 140 e R$ 144 no Nordeste Gaúcho e de R$ 120 a R$ 124 nos Campos Gerais do Paraná.
Segundo Oliveira, a demanda segue baixa, com consumidores optando por preços mais acessíveis e marcas alternativas, o que dificulta a venda de lotes comprados a preços mais altos no início do ano.
Exportações ganham força
Em contrapartida, as exportações voltaram a ganhar destaque no mercado. Entre janeiro e julho de 2025, o Brasil embarcou 219,5 mil toneladas de feijão, alta de 76,7% em relação ao mesmo período de 2024.
Em valor, as vendas somaram US$ 185 milhões, avanço de 59,8%. A Índia liderou as compras, com 106 mil toneladas (US$ 86,1 milhões), seguida por África do Sul, Paquistão, Venezuela e Portugal. O destaque foi o crescimento de 778% nas aquisições sul-africanas, reforçando o papel do mercado externo como válvula de escape, especialmente para o feijão preto.
Perspectivas para o curto prazo
A semana termina sem sinais de reversão imediata. O setor acompanha de perto o comportamento do varejo, além do câmbio e das exportações, como possíveis fatores de recuperação para variedades com maior potencial de venda externa.
“Até lá, o mercado seguirá operando com cautela e seletividade”, concluiu Oliveira.
Fonte: portaldoagronegocio