O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quinta-feira (11/09) os dados da
PAM – Produção Agrícola Municipal, e os números mostram que, embora Mato Grosso siga na liderança nacional,
o estado perdeu espaço.
Em 2023, Mato Grosso respondia por 18,8% do valor da produção agrícola brasileira. Já em 2024, a participação caiu para 15,4%.
Isso significa uma retração de 21,3% no valor total, que ficou em R$ 120,8 bilhões. O recuo foi expressivo, e, mesmo assim,
o estado segue no topo do ranking. Logo atrás aparecem São Paulo, com R$ 118,0 bilhões (15,0%), e
Minas Gerais, com R$ 86,6 bilhões (11,0%).
O que explica a queda
O campo é feito de certezas e incertezas, e em 2024 pesou o lado imprevisível. O fenômeno El Niño trouxe
estiagens prolongadas e castigou especialmente o Centro-Oeste. Somado a isso, o cenário internacional mostrou estoques
elevados de grãos como a soja, derrubando preços e freando a demanda. Resultado? O Brasil viu sua produção agrícola
diminuir 7,5% em grãos e 3,9% em valor total, fechando em R$ 783,2 bilhões.
A soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, sofreu queda de 5,0% na produção, enquanto o milho despencou 12,9%.
Mesmo assim, a oleaginosa segue como estrela, representando cerca de um terço de todo o valor agrícola nacional.
Sudeste supera Centro-Oeste pela primeira vez
Um dos movimentos mais marcantes foi a ascensão da Região Sudeste. Com crescimento de 9,5%,
alcançou R$ 230,2 bilhões em valor da produção, superando o Centro-Oeste (R$ 218,6 bilhões) e roubando a cena pela
primeira vez em anos. A força vem de produtos como cana-de-açúcar, café e laranja, todos em alta
no mercado interno e externo.
Mato Grosso segue protagonista
Apesar da retração, Mato Grosso continua o coração pulsante da agricultura brasileira. Seis municípios do estado
figuraram entre os dez maiores valores de produção do país. A liderança pertence a Sorriso,
que mantém o título de maior município agrícola do Brasil. A cidade brilhou principalmente na produção de soja e milho,
acumulando R$ 2,4 bilhões em valor de produção só no milho.
No algodão, o desempenho foi ainda mais expressivo. O estado registrou aumento de 13,7% no volume colhido,
batendo recorde histórico. O destaque foi Sapezal, com R$ 3,6 bilhões de valor de produção,
consolidando Mato Grosso como responsável por mais de 70% da produção nacional da pluma.
PAM 2024 – Ranking dos 25 municípios com maiores valores de produção em 2024


Soja, milho e algodão: o tripé mato-grossense
A soja ainda reina, mas com algumas nuvens no horizonte. Em 2024, o estado colheu 38,4 milhões de toneladas.
Porém, a estiagem prolongada reduziu o rendimento médio, deixando a sensação de que “poderia ter sido melhor”.
Ainda assim, Mato Grosso responde por quase um quarto do valor de produção nacional da oleaginosa.
No milho, o estado mostrou sua força: 42% da produção brasileira saiu de lá, totalizando 47,4 milhões de toneladas.
Já no algodão, o salto consolidou o Brasil como maior exportador mundial de pluma. Só Mato Grosso
entregou 6,3 milhões de toneladas, reforçando a imagem de que, quando o assunto é algodão, o estado veste a coroa.
Outros estados em destaque
O Paraná colheu 38,3 milhões de toneladas de grãos e registrou R$ 55,4 bilhões em valor de produção,
enquanto o Rio Grande do Sul respondeu por 34,5 milhões de toneladas e R$ 60,4 bilhões. Ambos se consolidam
como protagonistas no sul do país, sustentados por soja, milho e trigo.
Já em termos de municípios, além de Sorriso e Sapezal, vale citar Nova Ubiratã, que alcançou a terceira
posição nacional em milho, com 2,4 milhões de toneladas e R$ 1,5 bilhão em valor gerado. No caso da soja,
São Desidério e Formosa do Rio Preto, ambos na Bahia, ocuparam a primeira e a segunda
posições, mostrando que o Nordeste também avança no mapa da produção agrícola.
O peso do clima e do mercado
O ano de 2024 ficará marcado pelo choque climático e pelas incertezas de mercado. A seca causada pelo El Niño
fez com que muitas lavouras não alcançassem o potencial esperado. A alta nos custos de produção, em meio a
preços internacionais em queda, tornou o cenário ainda mais desafiador.
Contudo, a agricultura brasileira segue resiliente. Os números reforçam que, mesmo diante de adversidades,
o país mantém posição de destaque global e carrega um futuro promissor. Afinal, se o clima é caprichoso,
a determinação do produtor rural brasileiro é inabalável.
Fonte: cenariomt