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Macaca resgatada supera trauma e readquire hábitos em bioparque de MT

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A macaca “Chicó”, que por mais de dez anos viveu em uma propriedade rural em Vera (MT), onde vivia acorrentada, agora tem uma nova vida, e pode até se tornar mãe, segundo o biólogo Nereston de Camargo, que acompanha o animal no processo de reabilitação.

Chicó foi resgatada em março de 2021 após denúncia e, desde então, mora no Bioparque Vale Amazônia, localizado na Floresta Nacional de Carajás, em Parauapebas, no Pará, e, após alguns meses isolada, passou a conviver com outros indivíduos da mesma espécie: macaca-aranha-de-testa-branca.

A denúncia foi feita à Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema), que apreendeu o animal. O responsável foi conduzido para prestar esclarecimentos. A veterinária da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), que atuou no resgate dela, Elaine Dione, contou que ela não sabia andar direito e vivia se rastejando.

“Ela demonstrou um comportamento com bastante insegurança. Ela vivia acorrentada com uma coleira no pescoço e o vínculo dela era muito grande com a casinha de cachorro [onde vivia]”, explicou.

Segundo o veterinário Nereston de Camargo, do bio parque, que cuida dela até hoje disse que a macaca chegou extremamente debilitada e apática.

“Quando ela chegou aqui, tinha muito medo. Passou por quarentena no setor veterinário, período em que verificamos doenças e avaliamos seu comportamento. Era um animal triste, sem os hábitos naturais da espécie. Não escalava, não andava ereta e tinha até aversão a alimentos básicos da dieta dos macacos-aranha”, contou.

Macaca Chicó pode se tornar mãe no Pará | Vídeo: Stephane Gomes

Privada de estímulos e mantida como um cachorro em coleira, Chicó não sabia usar a cauda preênsil, considerada um “quinto membro” fundamental para se locomover entre árvores, e só se alimentava no chão. Aos poucos, com enriquecimento ambiental e alimentar, o quadro mudou.

“Ela foi perdendo o medo e ganhando habilidades. Hoje escala muito, anda ereta, usa a cauda para se pendurar, interage com os outros, comportamento típico da espécie”, explica Nereston.

O processo de socialização também exigiu cuidado. Inicialmente, Chicó ficou separada do grupo por telas, até se acostumar com as vocalizações e a presença de outros macacos. O ponto de virada aconteceu quando a fêmea dominante se aproximou e passou a tocá-la, como sinal de aceitação.

Agora, ela vive com duas fêmeas e um macho no recinto do bio parque e faz parte do programa de medicina preventiva da instituição e não precisa mais de cuidados exclusivos.

“Ela chegou com muitas limitações no comportamento, mas hoje em dia ela já está com os comportamentos naturais da espécie. Ela já consegue ficar na posição bípede, já consegue escalar, já consegue utilizar o rabo como quinto membro”, afirma o veterinário.

Segundo Nereston, Chicó virou exemplo em atividades de educação ambiental do parque.

“Esse caso mostra a importância dos bios parques. Eles dão segunda chance a animais vítimas de tráfico ou maus-tratos, funcionam como banco genético vivo e podem ajudar no futuro a formar grupos para reintrodução na natureza”, conclui.

Fonte: primeirapagina

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