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Agronegócio

Importação de diesel aumenta 4,6% em março impulsionada pelo agronegócio e queda na produção nacional.

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As importações brasileiras de diesel somaram 1,31 bilhão de litros em março, o que representa um avanço de 4,6% em relação ao mesmo período de 2024. A elevação foi impulsionada principalmente pela demanda aquecida do agronegócio, pela redução da produção nas refinarias nacionais e por preços praticados pela Petrobras acima do valor de paridade com o mercado externo. As informações são da consultoria StoneX, com base em dados divulgados pelo governo federal.

Segundo Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a tendência é que as compras externas de diesel se mantenham aquecidas nos próximos meses, diante das previsões de aumento na produção agrícola e do crescimento das atividades econômicas no país.

“O resultado positivo das internalizações ocorre em um cenário de forte demanda por diesel B, especialmente com o avanço da colheita da soja e o escoamento do grão até os terminais de exportação, que impulsionam o transporte rodoviário e ferroviário. Além disso, houve uma retração na produção de diesel A pelas refinarias brasileiras”, explicou o analista.

Nos dois primeiros meses de 2025, a produção total de derivados de petróleo no país recuou 4,4%, enquanto a produção específica de diesel caiu 5%, conforme dados oficiais.

O volume importado em março também foi favorecido por um cenário de preços internos elevados. Durante boa parte do mês, a Petrobras comercializou o diesel com valores acima da paridade de importação, o que abriu uma janela vantajosa para os importadores. “Esse fator contribuiu diretamente para o aumento do volume internalizado”, destacou Cordeiro em entrevista à Reuters.

Como consequência desse cenário, a Petrobras anunciou, a partir de 1º de abril, a primeira redução no preço médio do diesel desde dezembro de 2023, com corte de 4,6%, fixando o valor em R$ 3,55 por litro para as distribuidoras.

No acumulado do primeiro trimestre, as importações de diesel totalizaram 3,67 bilhões de litros, o que representa um crescimento de 15,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A queda nos preços internacionais do petróleo, em meio a tensões comerciais lideradas pelos Estados Unidos, também contribuiu para que os valores praticados pela Petrobras se mantivessem acima da paridade, favorecendo o avanço das importações.

Entre os principais fornecedores de diesel para o Brasil, a Rússia manteve a liderança e ampliou sua participação de 45% para 69% do volume total importado entre fevereiro e março. Os Estados Unidos, por sua vez, mantiveram uma fatia estável de 22% do mercado. “No geral, a atratividade financeira do produto russo continua a favorecer o aumento das entregas ao Brasil, que é hoje o segundo principal destino do combustível russo”, apontou Cordeiro.

Outros países, como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Omã — que em fevereiro somaram cerca de 34% das importações — deixaram de enviar cargas ao Brasil em março. Nesse contexto, a Índia ampliou sua participação, passando a responder por 9% do total importado.

Gasolina segue trajetória oposta e importações caem quase 60%

Diferentemente do diesel, as importações de gasolina pelo Brasil registraram queda expressiva em março. Foram internalizados 120 milhões de litros no mês, uma retração de 58,8% em relação ao mesmo período de 2024, impulsionada pelo aumento da produção nacional e por uma recuperação ainda tímida no consumo de combustíveis leves.

“Ao contrário do que observamos no mercado de diesel, a produção doméstica de gasolina A seguiu em alta, alcançando 4,9 bilhões de litros nos dois primeiros meses do ano, um crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior. Esse volume correspondeu a 95% da demanda interna por gasolina A no período, considerando os dados de vendas da ANP”, explicou Isabela Garcia, analista da StoneX.

Ela acrescenta que a demanda por gasolina C ainda se recupera de forma lenta, impactada por um consumo estagnado de combustíveis leves no geral.

No acumulado do primeiro trimestre, as importações de gasolina somaram 641 milhões de litros, uma queda de 28,3% frente ao mesmo intervalo do ano passado.

A expectativa é que esse cenário de retração se mantenha. “As importações podem continuar pressionadas devido à desaceleração esperada do consumo e à maior oferta de etanol hidratado no Centro-Sul”, observou Garcia. Além disso, com as refinarias mantendo níveis elevados de produção de gasolina A e a elevação do teor obrigatório de etanol anidro na mistura ainda sem data definida para ser implementada, a tendência é de que as importações desse combustível sigam limitadas.

Fonte: portaldoagronegocio

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