O mercado brasileiro de arroz continua enfrentando forte pressão nos preços, influenciado principalmente pela valorização das importações, impulsionadas pela queda do dólar. A situação preocupa produtores e levou a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) a cobrar ações emergenciais do governo para conter os prejuízos e evitar a retração da produção nas próximas safras.
Preço do arroz recua mais de 11% no mês e quase 41% em um ano
Na principal praça produtora do país, o Rio Grande do Sul, a saca de 50 kg de arroz em casca foi negociada na quinta-feira (12) a R$ 67,59. O valor representa uma queda de 11,73% em comparação ao mesmo período do mês anterior e um recuo expressivo de 40,97% frente ao registrado no mesmo período de 2024.
Dólar baixo amplia competitividade do arroz importado
Segundo o analista Élcio Bento, da Safras & Mercado, o câmbio mais baixo tem estimulado a entrada de arroz importado, tanto em casca quanto beneficiado, especialmente de países parceiros do Mercosul. “Mesmo com o arroz gaúcho sendo competitivo frente ao produto norte-americano, as exportações brasileiras continuam fracas”, observa.
Produtores pressionam governo por ações emergenciais
Em busca de soluções, a Federarroz se reuniu nesta quarta-feira (11), em Brasília, com representantes do Governo Federal. A entidade levou às autoridades a preocupação com os baixos preços e a falta de liquidez no mercado, cobrando a adoção de medidas ainda em 2025.
Entre as propostas apresentadas, está a criação de contratos de opção com preços até 20% acima do atual valor mínimo, para garantir maior segurança e estímulo ao produtor. A Federarroz também defende que compras públicas não sejam realizadas com base no preço mínimo vigente de R$ 63,00 por saca, considerado insuficiente para cobrir os custos de produção.
Previsão de redução na área plantada preocupa setor
Caso os preços não apresentem recuperação nos próximos meses, o setor já prevê uma redução significativa na área cultivada de arroz no país. A falta de rentabilidade tem desestimulado produtores, elevando o risco de retração na oferta futura.
Negociação com bancos busca aliviar pressão de venda
Além das demandas junto ao governo, a Federarroz também está dialogando com instituições financeiras. A entidade propõe o escalonamento das dívidas de custeio, buscando aliviar a pressão por vendas nos meses de junho e julho, período em que tradicionalmente há maior necessidade de comercialização para quitação de compromissos financeiros.
O cenário segue desafiador para o setor orizícola, que enfrenta não apenas a concorrência externa, mas também os efeitos de um câmbio que favorece as importações, enquanto o mercado interno ainda patina em busca de recuperação.
Fonte: portaldoagronegocio