A intensificação da guerra comercial, originada com a administração de Donald Trump e agora agravada por retaliações globais, especialmente por parte da China, cria um cenário de incertezas para o Brasil e outros mercados emergentes. Com a imposição de novas tarifas e restrições a empresas, o comércio global sofre pressão, refletindo diretamente na volatilidade econômica.
Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, observa que essa escalada tem implicações tanto diretas quanto indiretas para a economia brasileira. Ele aponta que o Brasil, como parceiro comercial estratégico tanto dos Estados Unidos quanto da China, pode enfrentar desafios imediatos devido à instabilidade global e à flutuação nos preços das commodities, essenciais para as exportações nacionais. Contudo, o Brasil também pode se beneficiar ao expandir sua presença no mercado global, principalmente substituindo fornecedores americanos em setores como soja e carne, que atendem à robusta demanda chinesa. Para mitigar os impactos negativos, Monteiro defende que o Brasil deve adotar uma postura estratégica, diversificando seus parceiros comerciais e promovendo estabilidade interna.
Em uma linha semelhante, Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, acredita que, apesar dos desafios, o Brasil tem a oportunidade de ampliar suas exportações, substituindo a oferta de produtos americanos para o mercado chinês. No entanto, ele ressalta que a diversificação dos parceiros comerciais e a estabilidade econômica interna são essenciais para que o país minimize os riscos em um cenário de economia global volátil.
João Kepler, CEO da Equity Fund Group, também observa que o Brasil pode se beneficiar com a crescente demanda chinesa por produtos como soja e carne, substituindo a oferta americana. No entanto, ele alerta para o risco de uma desaceleração econômica global, que pode impactar negativamente o comércio mundial e, consequentemente, as exportações brasileiras.
O impacto da guerra comercial não se limita aos setores exportadores. Segundo Monteiro, a desaceleração econômica nos Estados Unidos, combinada com o encarecimento de insumos importados, pode afetar a recuperação industrial brasileira e aumentar a volatilidade do mercado cambial. A aversão ao risco global pode manter o dólar em patamares elevados, o que dificultaria o controle inflacionário e pressionaria a política monetária do Banco Central.
Por outro lado, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, aponta que, enquanto a retaliação da China pode beneficiar temporariamente o Brasil, especialmente no setor de commodities, o país deve permanecer vigilante diante das incertezas globais que podem impactar a economia no médio prazo.
Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, também observa que, no curto prazo, o Brasil se beneficia do aumento das incertezas globais, com a possibilidade de fechar acordos comerciais estratégicos, como o Mercosul-UE. Além disso, um dólar forte torna as exportações brasileiras mais competitivas. Contudo, ele alerta para os efeitos negativos, como a possível redução da demanda por produtos brasileiros devido à desaceleração global, e o risco de sobrecarga da indústria local com produtos chineses desviados dos mercados americanos.
Por fim, André Matos, CEO da MA7 Negócios, ressalta que a intensificação da guerra comercial cria tanto oportunidades quanto desafios para o Brasil. Embora setores como o agronegócio e a mineração possam se beneficiar, a desaceleração econômica e a volatilidade cambial exigem cautela diante do cenário global incerto.
Fonte: portaldoagronegocio