A confirmação do primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial brasileira reacendeu o alerta no setor avícola nacional. Localizado em Montenegro (RS), o foco surge em uma das regiões mais relevantes para as exportações de carne de frango do país. Embora medidas emergenciais tenham sido prontamente adotadas, especialistas ressaltam que a reação do mercado pode ser mais intensa do que os riscos reais apontados até agora.
Primeiro foco comercial de H5N1 é confirmado no Brasil
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta sexta-feira (16) o primeiro caso de gripe aviária H5N1 em uma granja comercial no Brasil. A detecção ocorreu em uma propriedade localizada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul — responsável por cerca de 15% das exportações brasileiras de carne de frango.
A granja afetada é um matrizeiro com aproximadamente 17 mil aves voltadas à produção de ovos férteis. Segundo a Secretaria de Defesa Agropecuária, foram adotadas medidas imediatas de contenção, incluindo o abate sanitário, rastreamento e destruição de ovos, além da decretação de estado de emergência zoossanitária por 60 dias no município.
Setor exportador em alerta, mas especialistas pedem cautela
Em 2024, o Brasil exportou mais de US$ 10 bilhões em carne de frango, o que corresponde a 35% do comércio global. China, Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos estão entre os principais compradores, e episódios sanitários como este podem acarretar restrições comerciais temporárias.
Apesar disso, o sócio da Equus Capital, Felipe Vasconcellos, destaca a necessidade de cautela na interpretação dos impactos. “Notícias como essa geralmente causam medo e chamam bastante atenção, mas é importante parar e analisar com um pouco mais de calma. O Ministério da Agricultura e a Vigilância Sanitária estão sempre atentos aos riscos de doenças, com protocolos muito claros para contenção”, afirma o especialista.
Reação do mercado pode ser exagerada
Na avaliação de Vasconcellos, os efeitos mais imediatos devem ser observados nas ações de empresas com forte atuação no setor avícola. Ele cita a BRF como exemplo de companhia que pode sofrer impactos de curto prazo. “Pode haver, sim, um impacto de curto prazo em empresas do setor, como a BRF, mas também existe uma grande chance de que vejamos uma sobre-reação do mercado a um evento que ainda está sendo controlado”, pondera.
Fusão entre Marfrig e BRF movimenta o mercado
Paralelamente à confirmação do foco da gripe aviária, o mercado financeiro também repercutiu o anúncio da fusão entre Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3). A operação prevê a incorporação de todas as ações da BRF pela Marfrig, resultando na criação da MBRF Global Foods Company — que terá receita combinada de R$ 152 bilhões.
A relação de troca será de 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da BRF, com distribuição de R$ 6 bilhões em proventos. A notícia provocou forte oscilação nos papéis das duas companhias: as ações da Marfrig avançaram mais de 17%, enquanto as da BRF recuaram cerca de 2%, refletindo a percepção do mercado sobre os termos da operação.
Perspectivas futuras dependem de controle e transparência
Vasconcellos reforça que o comportamento dos mercados nos próximos dias dependerá da evolução da situação e da resposta das autoridades sanitárias. “Existem países que podem impor embargos temporários, mas se o foco for contido e o Brasil mantiver transparência com os parceiros internacionais, a tendência é que os efeitos sejam limitados”, avalia.
Ele também menciona a possibilidade de uma sobreoferta de frango no mercado interno, o que poderia gerar queda pontual nos preços, mas ressalta que ainda é cedo para qualquer previsão mais concreta. A Equus Capital segue monitorando os impactos econômicos e de mercado do caso, com o objetivo de orientar investidores e produtores em um cenário que demanda análise técnica e informação de qualidade.
Fonte: portaldoagronegocio