Abertura do dólar em baixa
O dólar iniciou o pregão desta quarta-feira (16) em queda, refletindo a expectativa do mercado pelo aguardado pronunciamento de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. A fala de Powell, prevista para o início da tarde, pode trazer novas sinalizações sobre o futuro da política monetária norte-americana, cuja taxa de juros está atualmente entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Expectativa sobre juros nos EUA
O discurso é relevante porque, apesar de parte do mercado acreditar em possíveis cortes nos juros ainda este ano, as medidas tarifárias anunciadas pelo presidente Donald Trump têm gerado incertezas. O aumento de tarifas pode pressionar a inflação, o que tende a adiar a redução dos juros. Juros mais altos nos EUA tornam os títulos públicos americanos mais atrativos, o que fortalece o dólar em relação a outras moedas.
Repercussões da guerra comercial
Além do pronunciamento de Powell, os investidores acompanham atentamente os desdobramentos da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Na véspera, a Casa Branca divulgou, sem aviso prévio, um documento que eleva para até 245% as tarifas sobre produtos chineses.
Em resposta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Li Jian, afirmou nesta quarta-feira que os EUA deveriam abandonar as ameaças e chantagens se desejam, de fato, manter um canal de negociação aberto com o país asiático. No mesmo tom, a porta-voz do governo norte-americano, Katherine Leavitt, afirmou que os Estados Unidos estão abertos a negociações, mas que cabe à China procurar Trump para que haja um acordo.
Cotação do dólar
Às 9h15, a moeda norte-americana registrava queda de 0,23%, sendo negociada a R$ 5,8772. Na sessão anterior, o dólar havia encerrado com alta de 0,67%, cotado a R$ 5,8905. No acumulado, a moeda apresenta alta de 0,33% na semana, ganho de 3,24% no mês e desvalorização de 4,68% no ano.
Desempenho do Ibovespa
O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, iniciou as negociações às 10h. No pregão de terça-feira (15), fechou em baixa de 0,16%, aos 129.245 pontos. Com isso, acumula alta de 1,23% na semana, queda de 0,78% no mês e valorização de 7,46% em 2024.
Incertezas sobre política tarifária nos EUA
As tensões comerciais, especialmente a política tarifária dos Estados Unidos, seguem como o principal fator de instabilidade nos mercados. Na segunda-feira (14), o presidente Trump sinalizou a possibilidade de aliviar as tarifas sobre o setor automotivo, ao mesmo tempo em que mencionou a intenção de taxar a importação de produtos farmacêuticos.
Essas declarações aumentaram as dúvidas dos investidores sobre os rumos da política comercial americana, agravadas pelas contínuas retaliações chinesas. Na terça-feira (15), o governo de Pequim determinou que companhias aéreas do país não recebam novas entregas de jatos da Boeing e recomendou a suspensão da compra de peças e equipamentos aeronáuticos de empresas americanas. A medida é uma retaliação às tarifas de até 145% impostas pelos EUA a produtos chineses.
Ainda nesta linha, o chefe da Administração Geral de Alfândegas da China incentivou empresas de importação e exportação a buscarem novos mercados para enfrentar os desafios impostos pelas tarifas norte-americanas.
Efeitos no comércio global
Especialistas alertam que o aumento das tarifas comerciais tende a afetar negativamente a dinâmica do comércio internacional. Os principais impactos observados são:
- Aumento da incerteza global: as tensões entre EUA e China tornam mais incerto o cenário econômico mundial.
- Inflação: com tarifas mais altas, os produtos ficam mais caros, pressionando os índices de preços.
- Queda no consumo: o encarecimento de produtos pode reduzir o consumo das famílias.
- Recessão global: a continuidade da guerra comercial pode desencadear um período de retração nas principais economias do planeta.
Na terça-feira (15), o diretor do Federal Reserve, Christopher Waller, classificou a política tarifária de Trump como “um dos maiores choques econômicos enfrentados pelos EUA em muitas décadas”. Embora Waller considere os efeitos sobre a inflação como transitórios, analistas da XP Investimentos alertam que o Fed atravessa um período delicado, em que a inflação está pressionada e a economia pode caminhar para a recessão devido à instabilidade gerada pelas tarifas.
Riscos futuros para a economia dos EUA
Apesar do crescimento salarial e dos baixos índices de desemprego favorecerem os gastos dos consumidores até o momento, instituições financeiras americanas já sinalizam riscos à frente, caso a atual política comercial se mantenha.
Destaques internacionais
Na Europa, o dado positivo veio da zona do euro. Segundo a Eurostat, a produção industrial nos 20 países que adotam o euro cresceu 1,1% em fevereiro, superando a expectativa de alta de 0,3%. O resultado reacende a esperança de recuperação do setor após dois anos de recessão. No entanto, analistas ponderam que, se as tarifas comerciais dos EUA se mantiverem elevadas, a demanda global pode não ser suficiente para sustentar a retomada, levando a nova retração no médio prazo.
Fonte: portaldoagronegocio