Sophia @princesinhamt
CENÁRIO AGRO

Desafios e oportunidades para o mercado de trigo no Brasil: importações em alta e pressão internacional nos preços

2025 word3
Grupo do Whatsapp Cuiabá

O cenário do trigo permanece desafiador, com o mercado interno travado, crescimento expressivo nas importações e forte pressão internacional sobre os preços. A seguir, confira os principais destaques que explicam a conjuntura atual do setor:

Mercado nacional segue travado e com incertezas

No Sul do Brasil, o mercado de trigo continua operando com baixa liquidez e cautela. No Rio Grande do Sul, mesmo com previsão de tempo firme até sexta-feira (13), o plantio não avançou nas últimas semanas. A área cultivada deverá ser menor do que a do ano passado, mas ainda há incertezas quanto ao tamanho final da safra.

Os negócios seguem pontuais, com preços variando entre R$ 1.300 e R$ 1.400 por tonelada, dependendo da qualidade e localização. A disponibilidade de trigo não comercializado no estado gira entre 320 mil e 370 mil toneladas. Moinhos locais estariam abastecidos até o fim de julho, e a redução de ofertas pelos produtores trouxe leve alívio ao mercado.

As exportações para dezembro ocorrem a R$ 1.305/t, mas os moinhos seguem ausentes das negociações. O preço da pedra em Panambi permanece em R$ 70,00 por saca.

Em Santa Catarina, houve alguns negócios fora do padrão, com preços entre R$ 1.420 e R$ 1.430 CIF, e um lote pontual de sobra de semente negociado a R$ 1.500 FOB. Também chegou trigo melhorador do RS a R$ 1.460 + ICMS. A nova safra ainda não tem indicações de preços, e a venda de sementes caiu cerca de 20% em relação ao ano anterior. Os preços pagos ao produtor variam entre R$ 74 e R$ 80 por saca, dependendo da praça.

No Paraná, o mercado caminha lentamente, seguindo o ritmo da indústria de farinhas. Vendedores pedem entre R$ 1.550 e R$ 1.700 FOB, enquanto compradores oferecem até R$ 1.500 FOB para retirada em junho e pagamento em julho. O trigo argentino está presente no mercado, aproveitando isenções de tributos. Para a nova safra, compradores oferecem R$ 1.400/t para outubro e R$ 1.350/t para novembro, mas sem vendedores dispostos. O preço da pedra recuou 0,21% na semana, com média estadual de R$ 79,25/saca, ainda garantindo um lucro médio de 7,78% ao produtor, segundo o Deral.

Importações de trigo atingem maior nível em 24 anos

De acordo com dados da Secex analisados pelo Cepea, as importações brasileiras de trigo continuam em alta em 2025. Entre janeiro e maio, o país importou 3,092 milhões de toneladas — o maior volume para o período desde 2001.

Nos últimos 12 meses, quase 7 milhões de toneladas entraram no Brasil, volume que não era registrado desde 2018. Esse movimento tem sido favorecido pela maior oferta de trigo argentino nos últimos dois anos.

Com isso, os moinhos brasileiros mantêm estoques satisfatórios e evitam compras expressivas durante a entressafra nacional. Já os produtores seguem focados nas atividades de campo da nova temporada.

Apesar da demanda externa aquecida, os preços internos estão pressionados desde abril, quando atingiram os maiores valores do ano. A liquidez segue baixa e os negócios, pontuais.

Chicago: preços do trigo recuam com safra russa e clima nos EUA

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros de trigo encerraram a última sessão com forte queda, em um movimento de realização de lucros após três dias consecutivos de alta.

A retração foi impulsionada por uma revisão para cima na estimativa da safra russa e pela queda nas temperaturas no sul da Rússia e no leste da Ucrânia, o que reduziu os temores sobre impactos climáticos adversos. A melhora nas condições globais das lavouras, em comparação com anos anteriores, também colaborou para a pressão sobre as cotações.

Além disso, previsões meteorológicas indicando clima favorável ao desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos intensificaram o movimento de baixa.

O mercado aguarda agora o relatório semanal do USDA sobre as condições das lavouras americanas, além do relatório mensal de oferta e demanda (WASDE), que será divulgado nesta quinta-feira (12), às 13h. O documento trará atualizações sobre produção e estoques para a safra 2025/26.

Analistas estimam que a produção de trigo dos EUA na temporada 2025/26 deverá atingir 1,923 bilhão de bushels, levemente acima dos 1,921 bilhão previstos em maio. Os estoques finais estão projetados em 916 milhões de bushels, contra 923 milhões do mês anterior.

Para a safra 2024/25, os estoques finais devem ficar em 840 milhões de bushels, praticamente estáveis em relação aos 841 milhões indicados anteriormente.

Na CBOT, os contratos com entrega em julho de 2025 fecharam cotados a US$ 5,42 por bushel, recuo de 12,75 centavos de dólar (queda de 2,29%). Os contratos para setembro encerraram a US$ 5,57 por bushel, com baixa de 11,75 centavos (2,06%).

O mercado de trigo passa por um momento complexo, marcado por incertezas na produção nacional, forte crescimento nas importações e recuo nos preços internacionais. Com estoques ainda equilibrados e a nova safra em andamento, o cenário exige atenção dos produtores e dos agentes da cadeia para os próximos meses.

Fonte: portaldoagronegocio

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.