CENÁRIO AGRO

Desafios do Mercado do Milho: Baixa Liquidez, Oferta Pressionada e Queda nas Cotações Internas e Externas

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SEAPA MG

Cenário regional: mercado lento e disputa de preços em diversos estados

O mercado de milho no Brasil começou a semana com o mesmo cenário observado nos últimos dias: baixa liquidez, desacordo entre compradores e vendedores, e preços pouco atrativos para o produtor.

No Rio Grande do Sul, a oferta continua restrita, com o milho remanescente destinado principalmente ao consumo doméstico e granjas de ovos. Segundo a TF Agroeconômica, os preços de compra variam entre R$ 65,00 e R$ 68,00 por saca, enquanto os vendedores pedem entre R$ 66,00 e R$ 70,00 para agosto.

Em Santa Catarina, mesmo com colheita satisfatória, os produtores enfrentam dificuldade para negociar a preços viáveis. Em Campos Novos, pedem entre R$ 83,00 e R$ 85,00 por saca, mas as indústrias oferecem no máximo R$ 75,00. No Planalto Norte, as pedidas são de R$ 80,00, com ofertas também limitadas a R$ 75,00. A margem apertada tem levado produtores a postergar investimentos para a próxima safra.

No Paraná, apesar da boa produtividade, o mercado segue travado. Os produtores pedem cerca de R$ 76,00 por saca FOB, podendo chegar a R$ 80,00, enquanto o setor de rações oferece R$ 73,00 CIF, o que dificulta a retomada das vendas.

Já no Mato Grosso do Sul, o mercado permanece praticamente parado. Mesmo com leves valorizações em algumas praças, como Dourados, as negociações continuam tímidas, com retração tanto por parte dos compradores quanto dos vendedores.

Mato Grosso: queda de mais de 40% nos preços em três meses

O estado de Mato Grosso enfrenta forte pressão no mercado de milho. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), nos últimos três meses, o preço do grão recuou 41,03%. A expectativa de uma safra mais robusta em 2024/25 tem sido o principal fator de queda.

Apesar disso, a demanda interna tem evitado uma desvalorização ainda maior, mantendo os preços acima de R$ 40,00 por saca. Em comparação com o mesmo período de 2024, houve uma alta anual de 3,43%, atribuída à antecipação das vendas e ao atraso na colheita atual — o que escalonou a entrada do grão nos armazéns, amenizando a pressão sobre os preços.

O mercado também é influenciado por fatores externos, como o comportamento da Bolsa de Chicago e a variação cambial do dólar, que impactam diretamente as margens e o poder de negociação dos produtores.

Bolsa de Chicago e B3: milho opera em queda nesta terça-feira

Na manhã desta terça-feira (29), os preços futuros do milho operavam em queda na Bolsa Brasileira (B3), refletindo o cenário de ampla oferta e clima favorável nos Estados Unidos. Às 10h07 (horário de Brasília), os contratos variavam entre R$ 64,79 e R$ 71,84:

  • Setembro/25: R$ 64,79 (-0,34%)
  • Novembro/25: R$ 68,16 (-0,10%)
  • Janeiro/26: R$ 71,84 (-0,17%)

Na Bolsa de Chicago (CBOT), o movimento também foi de retração. Os contratos operavam em baixa às 09h44:

  • Setembro/25: US$ 3,93 (-0,75 ponto)
  • Dezembro/25: US$ 4,13 (-0,50 ponto)
  • Março/26: US$ 4,31 (-0,25 ponto)
  • Maio/26: US$ 4,41 (-0,50 ponto)

Segundo o analista Bruce Blythe, da Farm Futures, o mercado segue atento à previsão climática no Meio-Oeste dos EUA, onde a fase de polinização da safra se encerra sob clima favorável e com chuvas previstas para os próximos dias.

Queda generalizada: preços recuam na B3 e em Chicago, apesar de exportações

Conforme análise da TF Agroeconômica, os contratos futuros de milho encerraram a segunda-feira (28) em baixa, pressionados por fatores internos e externos. Na B3:

  • Setembro/25: R$ 65,05 (-R$ 0,59)
  • Novembro/25: R$ 68,22 (-R$ 0,36)
  • Janeiro/26: R$ 71,91 (-R$ 0,21)

No mercado físico, o indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas-SP) apresenta leve recuperação, mas ainda acumula perdas no mês. O Cepea aponta que regiões com colheita atrasada mantêm os preços sustentados, enquanto o Centro-Oeste pressiona as cotações com maior volume de oferta. O aumento dos custos logísticos, especialmente do frete, também atua como fator de suporte pontual.

Em Chicago, mesmo com vendas externas significativas — 450 mil toneladas no dia e exportações semanais 54% superiores à anterior —, o cenário de ampla oferta global e expectativa de menor demanda continuou pesando. O contrato de setembro fechou em US$ 3,9375 (-1,44%) e o de dezembro caiu para US$ 4,14 (-1,19%).

Além disso, o Secex informou que o Brasil exportou até o momento apenas 42,8% do volume registrado em julho de 2023. Apesar do ritmo estar melhorando, as projeções apontam que os embarques devem ganhar força apenas a partir de agosto.

O mercado do milho brasileiro segue pressionado por uma série de fatores: desacordos regionais de preços, oferta elevada, baixa liquidez e retração das negociações. Ao mesmo tempo, o cenário externo, especialmente o clima favorável nos EUA e a forte concorrência internacional, agrava a tendência de queda nas cotações. Com o avanço da colheita e o comportamento do dólar no radar, o setor continua atento aos desdobramentos nos próximos meses.

Fonte: portaldoagronegocio

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