Em um debate realizado na Exposição Rural de Buenos Aires, representantes de governos e do setor privado dos países do Cone Sul, junto com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), expressaram preocupações significativas sobre a nova Regulamentação de Desflorestação da União Europeia (UE). A norma, que entra em vigor em 31 de dezembro, exige que os exportadores de produtos primários para a Europa provem que sua produção não contribuiu para o desmatamento.
O encontro contou com a presença do Ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos; da Agregada Agrícola da Embaixada do Brasil na Argentina, Andrea Parrilla; e do Subsecretário dos Mercados Agropecuários e Negociações Internacionais da Argentina, Agustín Tejeda. O Embaixador da UE na Argentina, Amador Sánchez Rico, também participou, detalhando os requisitos da regulamentação.
Sánchez Rico esclareceu que não há planos para adiar a implementação da norma e que ainda não foram quantificados os custos adicionais para os produtores. As autoridades dos países do Cone Sul, incluindo Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, bem como Bolívia e Chile, destacaram que a regulamentação pode prejudicar principalmente pequenos e médios produtores, além de aumentar o custo dos alimentos para os consumidores.
Carlos Henrique Lamim, representante do IICA, moderou o debate, durante o qual foram discutidos os impactos potenciais da nova normativa. Os participantes apontaram que a regulamentação pode ter efeitos negativos sobre o comércio e pode ser vista como uma forma de protecionismo disfarçado.
Fernando Mattos sublinhou que a sustentabilidade é um objetivo comum, mas enfatizou que o diálogo, e não a imposição, deve ser a abordagem preferida. Agustín Tejeda considerou a regulamentação como uma distorção comercial que não respeita as legislações nacionais e afirmou que a Argentina e seus parceiros regionais questionarão a norma em fóruns internacionais.
Andrea Parrilla alertou que a nova regulamentação pode levar ao aumento dos custos, expulsar pequenos produtores e reduzir a oferta de alimentos, podendo até causar inflação. Ela destacou a necessidade de um ambiente de cooperação e um período de transição voluntária para a conformidade com a norma.
Do setor privado, houve um consenso sobre a necessidade de uma abordagem mais colaborativa e menos exigente. Nicolás Pino, Presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), defendeu que é fundamental buscar soluções que atendam ao bem comum, enquanto especialistas do setor agrícola e florestal apresentaram as possíveis consequências da regulamentação para a produção.
O Embaixador da UE, Amador Sánchez Rico, reconheceu a legitimidade das preocupações e afirmou que estão trabalhando para abrir canais de comunicação. Ele enfatizou que a regulamentação é uma resposta às demandas dos consumidores europeus e reiterou o compromisso com uma produção mais sustentável.
“Acreditamos que é essencial engajar todos os setores, especialmente os produtores, para alcançarmos o objetivo comum de produzir mais e melhor, de forma sustentável”, concluiu Sánchez Rico.
Fonte: portaldoagronegocio