Os sistemas integrados de produção agropecuária permitem que o produtor diversifique e aumente a produção e também trazem benefícios como menor pressão por abrir novas áreas e mitigação dos gases do efeito estufa (GEE). Nos últimos 20 anos houve um incremento significativo da área com sistemas integrados de produção no Brasil, passando de menos de 2 milhões para 17,4 milhões de hectares em 2021, conforme dados da Associação Rede ILPF. A meta da entidade é chegar em 2030 com 35 milhões de hectares com sistemas integrados.
Conforme levantamento da Rede ILPF, o Rio Grande do Sul é o terceiro lugar no ranking nacional entre os estados com maior quantidade de áreas integradas, atrás apenas do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A área destinada aos sistemas no Estado atualmente é de 2.216.008 hectares, o que representa 31,17% dos 7.108887 milhões de hectares usados para a agropecuária. Mas essa área pode crescer ainda mais no Estado, conforme o engenheiro agrônomo Pedro Arthur de Albuquerque Nunes. “O Rio Grande do Sul é o terceiro em maior quantidade de áreas integradas, mas o primeiro em percentual, com 31,17 da área usada na agropecuária”, afirma Nunes, que é pesquisador da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL), em Cruz Alta (RS).
No dia 5 de novembro, às 16h, o profissional falará sobre Integração Lavoura-Pecuária em uma palestra organizada pela Cooperativa Tritícola Caçapavana Ltda (Cotrisul) na primeira edição do Universo Pecuária (UP) – Futuro, Negócio e Sustentabilidade, que será realizado de 1º a 6 de novembro, em Lavras do Sul (RS). Nunes estima que a maior parte dos sistemas integrados no Estado ocorra com as culturas de inverno, após o plantio de soja, milho e arroz. E pergunta o quanto dessa área seja realmente sistema integrado de produção agropecuária. “O sistema ILP é mais do que ter animais e lavoura em uma mesma área, pois pode haver uma sucessão de lavoura e pecuária em um mesmo espaço, mas eles não estão trabalhando de maneira sinérgica”, avalia.
Nunes garante que ainda há espaço no Estado para o crescimento das áreas com adoção dos sistemas de produção integrados. “Ainda sobram, no mínimo, outros 2 milhões de hectares com outras culturas ou que estão em pousio para a implantação de sistemas que sejam planejados e realmente eficientes”, assegura. Porém, um dos entraves para o crescimento da área com ILP é a resistência de alguns produtores, que apontam o pisoteio do gado como uma dificuldade para adoção desses sistemas. “Mas esse é um preconceito antigo. Estudos mostram que em áreas onde há integração lavoura-pecuária bem feita, o agropecuarista consegue produzir a quantidade equivalente de grãos ou até mais, porque o animal está fazendo a reciclagem de nutrientes”, observa o agrônomo. “Durante muito tempo se pensou que a agricultura ajudava a pecuária, mas é o contrário”, acrescenta.
O evento
O Universo Pecuária é promovido pelo Sindicato Rural e Prefeitura Municipal de Lavras do Sul e tem como correalizadores a Cotrisul, Senar-RS, Sebrae-RS e Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul. O UP, que tem sua estrutura de desenvolvimento baseada em quatro eixos – “Negócios, finanças verdes e sustentabilidade”, “Educação, cultura e turismo”, “Ciência tecnologia e inovação” e “Políticas, projetos e investimentos” – será uma grande feira de negócios e eventos tecnológicos, econômicos, ambientais e culturais.
