A safra 2024/25 tem sido desafiadora para os produtores de cana-de-açúcar devido às condições climáticas adversas. Segundo o boletim De Olho Na Safra, divulgado nesta quarta-feira (18) pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), os canaviais da região Centro-Sul do Brasil enfrentam um déficit hídrico superior a 1.000 mm até o mês de agosto, o que impacta diretamente na produtividade das lavouras.
De acordo com o levantamento, a produtividade acumulada de abril a agosto, medida em toneladas de cana por hectare, apresenta uma redução de 7,4% em comparação com o mesmo período da safra 2023/24. O índice caiu de 93,3 toneladas por hectare, registrado no ano passado, para 86,4 toneladas por hectare na atual safra.
No mês de agosto de 2024, a produtividade sofreu uma queda ainda mais acentuada. O volume colhido na região Centro-Sul foi 13,7% inferior ao mesmo mês de 2023, passando de 91,2 para 78,7 toneladas por hectare. Esse cenário foi agravado pelo envelhecimento dos canaviais, que estão em um estágio médio de corte mais avançado, tornando a colheita menos produtiva.
Apesar das dificuldades climáticas, a qualidade da matéria-prima manteve-se estável em relação à safra anterior. O Açúcar Total Recuperável (ATR), indicador que mede a concentração de açúcar por tonelada de cana, permaneceu no mesmo nível registrado até agosto de 2023/24. No entanto, a pureza do caldo apresentou uma queda de dois pontos percentuais devido ao aumento na concentração de açúcares redutores, uma consequência direta do déficit hídrico.
Outro problema que afetou a atual safra foram as queimadas, que impactaram cerca de 400 mil hectares de cana-de-açúcar na região Centro-Sul, conforme levantamento do CTC Geo, realizado com base em imagens de satélite e dados do CanaSat. As áreas mais atingidas foram Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e São Carlos.
Os prejuízos causados pelas queimadas ainda estão sendo avaliados qualitativamente, mas a empresa já aponta a necessidade de novos investimentos em tratos culturais, como adubação e controle de ervas daninhas, em áreas que já haviam sido colhidas. Nos canaviais imaturos ou próximos do ponto de colheita, a colheita está sendo acelerada para reduzir os danos à produção e à qualidade da matéria-prima.
Essas medidas emergenciais podem afetar o planejamento das colheitas da safra atual e futura, trazendo ainda mais desafios para o setor.
Fonte: portaldoagronegocio