CENÁRIO AGRO

Como a tarifa dos EUA pode impactar o setor de derivados de cacau no Brasil: prejuízo de R$ 180 milhões e aumento da ociosidade industrial

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A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) alerta para os impactos negativos da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre derivados do cacau brasileiro, medida que entrou em vigor a partir de 7 de agosto de 2025. A decisão, que soma uma sobretaxa adicional de 40% aos 10% já vigentes, pode resultar em perdas estimadas de US$ 36 milhões (aproximadamente R$ 180 milhões) para o setor ainda neste ano.

Mercado norte-americano torna-se inviável para o cacau brasileiro

Os Estados Unidos são o segundo maior destino dos derivados de cacau do Brasil, respondendo por cerca de 18% das exportações do setor. Em 2024, os embarques para o país somaram US$ 72,7 milhões (R$ 363 milhões). No primeiro semestre de 2025, as exportações já atingiram US$ 64,8 milhões (R$ 325 milhões), representando mais de 25% do total exportado no período. Com a nova tarifa, esse mercado se torna economicamente inviável para as empresas brasileiras.

Risco para a indústria nacional e aumento da ociosidade

A indústria processadora de cacau depende fortemente da moagem das amêndoas, cuja manteiga de cacau é o principal subproduto exportado para os EUA. Com a dificuldade de escoar esse produto, a produção industrial deve sofrer redução significativa, elevando a ociosidade das fábricas. Atualmente já afetada pela escassez de amêndoas, a ociosidade média da indústria pode saltar de 23,83% para até 37%, conforme projeções baseadas nos dados de 2024. Isso ameaça empregos e investimentos especialmente em regiões como Bahia, Pará e São Paulo.

Impactos no regime de drawback e custos operacionais

A tarifa também compromete a operação de exportação sob o regime de drawback, que permite a importação de insumos com suspensão de tributos para produção destinada à exportação. A perda do mercado americano inviabiliza o cumprimento de atos concessórios com vencimento entre dezembro de 2025 e março de 2027, gerando riscos jurídicos, multas e aumento dos custos para as empresas do setor.

Apelo por soluções diplomáticas e medidas emergenciais

Diante do cenário, a AIPC reforça a necessidade de diálogo diplomático para que o cacau e seus derivados sejam excluídos da sobretaxa de 40%, assegurando a continuidade das exportações de manteiga de cacau para os EUA. Além disso, solicita medidas emergenciais por parte do governo brasileiro, como prorrogação dos prazos dos atos de drawback, linhas de crédito específicas e apoio à diversificação de mercados.

Empregos em risco e importância do setor

A cacauicultura brasileira emprega diretamente cerca de 200 mil pessoas, entre empregos diretos e indiretos. A AIPC destaca que é fundamental evitar o fechamento das plantas industriais e a consequente perda desses postos de trabalho em regiões que dependem da cadeia produtiva do cacau para seu desenvolvimento econômico.

Compromisso com o diálogo e soluções técnicas

A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau reitera seu compromisso com o diálogo técnico e propositivo junto aos governos brasileiro e americano, buscando soluções que garantam previsibilidade, sustentabilidade e geração de valor para toda a cadeia produtiva do agronegócio brasileiro.

Fonte: portaldoagronegocio

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