CENÁRIO AGRO

Como a Tarifa de 50% dos EUA Pode Impactar as Cadeias Globais de Alimentos e o Comércio Internacional

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Impacto além das fronteiras: tarifas americanas ameaçam o equilíbrio da cadeia global de alimentos

A proposta dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros representa mais do que um agravamento da alíquota de 10% já aplicada em abril. A medida transcende o comércio bilateral e pode afetar significativamente as cadeias globais de valor da agroindústria alimentícia, das quais dependem consumidores, trabalhadores e empresas de diversas nações.

O Brasil é um dos principais fornecedores mundiais de matérias-primas e alimentos industrializados — como suco de laranja, proteínas animais, açúcar e café —, enquanto os EUA figuram como um dos maiores compradores e processadores desses produtos. Caso a nova tarifa entre em vigor, haverá necessidade de redirecionamento de rotas comerciais e reorganização logística global.

Repercussões globais nas cadeias produtivas

A medida pode desencadear realinhamentos no comércio internacional. O Brasil, ao perder competitividade no mercado norte-americano, precisará buscar novos compradores. Já os EUA terão de identificar fornecedores alternativos — tarefa que não é simples, principalmente considerando os altos volumes envolvidos e a liderança brasileira em setores-chave.

Esse reposicionamento pode afetar terceiros países, alterando contratos, preços e estabilidade nas cadeias agroindustriais em nível global. A reorganização tende a elevar os custos logísticos e operacionais e, com isso, impactar consumidores e empresas ao redor do mundo.

Setor defende diálogo diplomático e estabilidade econômica

Diante da gravidade da situação, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) defende a retomada imediata de um diálogo técnico e diplomático com os Estados Unidos. A entidade destaca a importância de articulações institucionais para mitigar incertezas e distorções que possam afetar o comércio, os investimentos e variáveis macroeconômicas relevantes, como inflação e taxa de câmbio.

A ABIA reafirma seu compromisso com a cooperação internacional e se coloca à disposição das autoridades brasileiras e do setor privado para colaborar na construção de soluções que garantam previsibilidade, manutenção de empregos e estabilidade no comércio internacional de alimentos.

Exportações de alimentos industrializados aos EUA seguem em alta

O impacto potencial da tarifa se intensifica diante da crescente relevância do mercado americano para a indústria brasileira de alimentos. Em 2024, o Brasil exportou US$ 4,5 bilhões em alimentos industrializados aos EUA, o equivalente a 6,8% do total do setor, com um crescimento anual de 27,9%. Os destaques foram:

  • Proteínas animais: US$ 1,41 bilhão
  • Sucos: US$ 1,19 bilhão
  • Açúcares: US$ 604 milhões
  • Café em grão (in natura): US$ 1,9 bilhão, representando 80% das exportações brasileiras do produto ao país
Comércio bilateral cresce no primeiro semestre de 2025

No primeiro semestre de 2025, o comércio entre Brasil e EUA apresentou crescimento expressivo:

  • Exportações brasileiras aos EUA: US$ 20,02 bilhões (+4,4%)
  • Importações brasileiras dos EUA: US$ 21,70 bilhões (+11,7%)
  • Saldo comercial favorável aos EUA: US$ 1,67 bilhão (ante US$ 280 milhões em 2024)
Exportações de alimentos industrializados disparam em 2025

Entre janeiro e junho de 2025, as exportações brasileiras de alimentos industrializados aos EUA somaram US$ 2,83 bilhões, com alta de 45% sobre o mesmo período de 2024. Os principais destaques do período foram:

  • Carnes bovinas refrigeradas e congeladas: US$ 791 milhões (+142%)
  • Óleos e gorduras vegetais: US$ 262,8 milhões (+84,5%)
  • Sucos de frutas: US$ 743,5 milhões (+68,3%)

Esses dados reforçam o papel estratégico do setor alimentício no comércio bilateral e a interdependência entre as economias brasileira e norte-americana.

A imposição de tarifas de 50% pelos EUA ameaça romper um equilíbrio comercial construído ao longo de décadas entre os dois países. A medida pode comprometer cadeias globais de suprimento, encarecer produtos, reduzir investimentos e desestabilizar empregos. Diante disso, o setor clama por uma resposta coordenada e diplomática que preserve a previsibilidade do comércio e a competitividade das exportações brasileiras.

Fonte: portaldoagronegocio

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