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Agronegócio

Como a Fed enfrenta o dilema estratégico em meio às incertezas das tarifas nos EUA

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Incerteza tarifária compromete diretrizes da política monetária

Autoridades do Federal Reserve (Fed) reconhecem que as tarifas impostas pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm desestabilizado os parâmetros tradicionais utilizados para guiar a política monetária. Diante desse novo cenário, o banco central norte-americano se vê cada vez mais próximo de um debate interno decisivo, que envolve a necessidade de equilibrar suas metas de inflação e emprego.

Dilema entre controle inflacionário e estímulo ao emprego

Desde o anúncio, e posterior suspensão, de um conjunto rigoroso de tarifas de importação por Trump, membros do Fed, incluindo o presidente Jerome Powell, têm admitido que poderão ser obrigados a tomar decisões difíceis. O dilema central está entre conter a inflação — que pode ser pressionada pelo aumento dos preços provocado pelas tarifas — ou priorizar o fomento ao emprego, diante do risco de desaceleração da atividade econômica gerada pela incerteza entre consumidores e empresas.

Adiamento de decisões até maior clareza do cenário

Embora o impasse esteja delineado, a expectativa é de que o debate no Fed ainda se prolongue por semanas ou até meses. Nesse intervalo, a instituição deve manter as taxas de juros inalteradas, à espera de definições mais claras sobre as medidas definitivas do governo norte-americano e seus respectivos impactos sobre os indicadores econômicos, como emprego, preços e projeções de crescimento.

Dados recentes apontam sinais contraditórios

As próximas divulgações econômicas devem trazer leituras fracas da inflação, influenciadas por tendências nos setores de habitação e serviços iniciadas no fim do ano anterior. Por outro lado, evidências recentes indicam um aumento nas compras de bens como automóveis e eletrônicos importados — antecipando a vigência das tarifas — o que, por ora, sustenta o crescimento e o nível de emprego.

Perspectivas econômicas sob crescente incerteza

Nesta quarta-feira, ao atualizar sua visão econômica, Jerome Powell o fará diante de um ambiente marcado por menos clareza — e não mais — quanto à direção da economia dos Estados Unidos e do cenário global. Nos últimos dias, autoridades do Fed têm delineado hipóteses que variam desde cortes acentuados nas taxas de juros para evitar uma recessão, até a manutenção de uma política monetária rígida com o objetivo de preservar a credibilidade no combate à inflação.

Política tarifária é classificada como “choque econômico”

Christopher Waller, diretor do Fed, declarou nesta segunda-feira que a nova política tarifária representa “um dos maiores choques a afetar a economia dos EUA em muitas décadas”. Caso todas as tarifas já anunciadas — inclusive as temporariamente suspensas — sejam efetivamente aplicadas, o impacto na produção e no emprego poderá ser profundo e duradouro, influenciando diretamente a postura a ser adotada pelo Fed em sua política monetária.

Divergência entre estratégias no comando do Fed

Enquanto algumas autoridades defendem uma postura de “esperar para ver” até que os dados econômicos sinalizem uma tendência mais clara, outras reiteram a necessidade de manter o foco na estabilidade dos preços. Estes últimos argumentam que desviar-se do controle inflacionário pode comprometer a confiança pública no Fed e permitir que as expectativas de inflação se elevem, exigindo reações futuras ainda mais severas.

Retrocesso em relação ao cenário otimista anterior

A atual conjuntura representa um revés em relação ao panorama de 2024, quando se esperava um “pouso suave” da economia. À época, a inflação anual estava próxima de 2%, e a taxa de desemprego, próxima ou abaixo dos 4,2% considerados como pleno emprego. Hoje, volta-se a discutir conceitos como a “taxa de sacrifício” — isto é, o quanto de desemprego pode ser necessário para manter a inflação sob controle.

Divergências internas e riscos distintos

Com o aumento da volatilidade no mercado e o endurecimento das condições financeiras, que podem limitar a atividade econômica, as decisões do Fed passam a depender de qual das metas — inflação ou desemprego — apresenta maior desvio em relação aos objetivos estabelecidos. No entanto, dentro desse marco, há espaço para diferentes avaliações de risco, interpretações variadas dos dados e visões opostas sobre como repartir os custos da correção dos desequilíbrios: tolerar mais desemprego diante de uma ameaça inflacionária mais intensa ou aceitar um aumento temporário nos preços para sustentar o emprego e o crescimento.

Fonte: portaldoagronegocio

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