Alimentos nightshades estão sendo comumente associados a alguns sintomas que se apresentam em quem tem síndrome do intestino irritado, ou SII. Além da síndrome, é bem comum que alguns alimentos possam nos causar desconfortos, irritação e mascarar outras possíveis causas.
Nightshades são as Solanáceas, uma família de vegetais que todos nós consumimos diariamente, como batata e tomates. Por conterem três alcaloides, muitos sintomas de doenças autoimunes, assim como irritação do intestino, podem ser agravadas, já que esses três alcaloides possuem propriedades irritativas.
Os alcaloides estão em quase todas as plantas, especialmente em algumas, com concentrações maiores dependendo do estado de maturação da planta. Já nas nightshades, eles estarão sempre presentes, independentemente do estado.
Quais são os alimentos considerados nightshades?
Tomate, batatas, pimentas, berinjela, gojiberries e tabaco (nas folhas).
O primeiro alcaloide presente na planta é a solanina, altamente tóxica e usada pela planta como um repelente e defesa contra pragas. Esse glicoalcaloide tem a capacidade de se ligar em membranas celulares, causando uma espécie de rompimento dose-dependente. Outra capacidade negativa dos glicoalcaloides, em especial a solanina, é o possível bloqueio da enzima colinesterase, responsável pela quebra da acetilcolina.
Há alguns anos a intoxicação por solanina é investigada e controlada, visto que se dá principalmente por mal armazenamento de batatas e tomates. Batatas colhidas, armazenadas e guardadas por muito tempo podem aumentar as concentrações de solanina, e o trato gastrointestinal do ser humano se mostrou ser o mais sensível a essa neurotoxina.
Outro alcaloide é muito conhecido, a capsaicina, encontrada principalmente nas pimentas e pimentões. Ela tem capacidade reconhecida como anti-inflamatório natural, porém não são todos os pacientes que conseguem consumir devido a sua alta taxa de irritabilidade intestinal.
A capsaicina, usada inclusive em formulações suplementares, pré-treinos, emagrecedores, pode ser intensamente irritativa em pacientes com síndrome do intestino irritável, assim como os com disbiose e intestino permeável. Obviamente que, assim como todos os componentes encontrados em alimentos naturais, é através da boa avaliação clinica do profissional que saberemos se o paciente é ou não apto a comer e suplementar tais nutrientes.
Já a nicotina, o alcaloide presente em folhas de tabaco principalmente, é usada como repelente natural em campos, mas ainda não se tem certeza sobre como, em detalhes químicos, esse mecanismo acontece.
Qualquer que seja o alcaloide presente em maior ou menor concentração nas plantas, pacientes com intolerâncias alimentares podem ser beneficiados com a retirada de tais alimentos de sua rotina. Existem diversos relatos de pacientes que sentiram melhoras com a retirada, sendo as mais comuns: diminuição de dores crônicas e diminuição de dor nas articulações.
Existem relações entre as intolerâncias alimentares, síndrome do intestino irritável, que passa ao intestino permeável, e agravamento de sintomas de doenças crônicas, como fibromialgia, artrite e também enxaqueca.
Alguns cuidados devem ser tomados de forma crucial, independentemente de se ter intolerâncias às nightshades ou não:
Não consumir batatas mal armazenadas, germinadas (isso mesmo, aquelas batatas que estão com as folhinhas crescendo), e também partes verdes que se formam nas batatas.
A casca da batata é uma fibra muito interessante para a saúde intestinal, contudo, quando não se há certeza de procedência ou armazenamento desse alimento, o ideal é retirar para consumir.
Vale lembrar que inhame e batata-doce não possuem esse teor de glicoalcaloides, sendo seguros para o consumo com a casca.
Como saber se você tem intolerância ou se tais nighshades podem estar sendo gatilhos em doenças instaladas no seu organismo, como potencializadores de sintomas?
Exames como os de urina, para detecção de metabólitos e ácidos orgânicos urinários, como os de metabolomica, já amplamente usados por nutricionistas e médicos especialistas, são os que conseguirão de forma direta identificar os metabólitos finais desses glicoalcaloides, levando à interpretação com a correlação dos sinais e sintomas do paciente.
Fale com o seu nutricionista para a investigação entre o consumo desses alimentos e suas queixas, que poderão ser melhoradas com a retirada ou com protocolos de desintoxicação e limpeza.
Fonte: uol