O estudo semanal do Rabobank traça um panorama da economia brasileira, com foco na atuação do Comitê de Política Monetária (Copom) e nos reflexos das condições globais. Nesta edição, os economistas Maurício Une e Renan Alves analisam a comunicação do Banco Central e as projeções para o mercado cambial e inflacionário.
Cenário Externo e Reflexos no Brasil
Nos Estados Unidos, as recentes tarifas impostas pelo governo Trump sobre a importação de aço e alumínio levantaram preocupações sobre impactos inflacionários de longo prazo. Apesar disso, os dados do mercado de trabalho americano apontam para uma queda na taxa de desemprego, que passou de 4,1% em dezembro para 4,0% em janeiro.
No Brasil, a ata da última reunião do Copom trouxe um tom mais “hawkish” (rigoroso), destacando a necessidade de cautela na interpretação de indicadores econômicos. O Banco Central alertou que sinais de desaquecimento da economia podem ser temporários, reforçando a estratégia de manter uma política monetária restritiva para conter a inflação.
Inflação e Produção Industrial
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) iniciou 2025 com desaceleração, registrando alta de 0,16% em janeiro, ante 0,52% em dezembro. No acumulado de 12 meses, a inflação recuou de 4,8% para 4,6%. Os setores de transporte e alimentação pressionaram os preços para cima, enquanto a energia elétrica ajudou a conter a alta inflacionária.
A produção industrial apresentou queda de 0,3% em dezembro, seguindo o recuo de novembro (-0,3%). No entanto, o acumulado de 2024 mostra crescimento de 3,1%, com destaque para os segmentos de bens de consumo duráveis e bens de capital.
Comércio Exterior e Mercado Cambial
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,2 bilhões em janeiro, abaixo da expectativa do mercado, que projetava US$ 3 bilhões. As exportações caíram 5,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as importações cresceram 12,2%.
No mercado de câmbio, o real seguiu um movimento de valorização frente ao dólar, encerrando a semana a R$ 5,8050, um avanço de 0,67%. Para 2025, o Rabobank projeta que o dólar termine o ano cotado a R$ 5,94, refletindo as incertezas globais e os desafios fiscais internos.
Perspectivas e Eventos Futuros
A atenção do mercado agora se volta para a divulgação dos dados de atividade econômica, incluindo o volume de serviços e as vendas do varejo no Brasil. No cenário internacional, o destaque será a decisão sobre a taxa de juros no Peru, além da divulgação de indicadores econômicos da Colômbia.
Com um ambiente econômico desafiador, tanto no Brasil quanto no exterior, o Banco Central deve seguir monitorando de perto a inflação e o crescimento econômico para ajustar sua política monetária ao longo do ano.
Fonte: portaldoagronegocio