Os javalis, animais selvagens conhecidos por sua habilidade em percorrer longas distâncias em busca de alimento ou de parceiras para reprodução, representam um risco significativo para a agricultura. Além de causarem danos consideráveis às lavouras, esses animais podem impactar negativamente a flora e a fauna locais, além de serem portadores de doenças que podem afetar tanto suínos quanto seres humanos. O Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa) tem se dedicado a orientar os produtores de todo o estado sobre os riscos associados, destacando doenças transmissíveis, como a Peste Suína Clássica (PSC), a Peste Suína Africana (PSA) e a Doença de Aujeszky.
Luciane Surdi, médica-veterinária e conselheira técnica do Icasa, ressalta a atuação da entidade no combate aos javalis. “Os médicos-veterinários do Icasa realizam vistorias em propriedades rurais, orientando os produtores e garantindo o bem-estar animal, a saúde pública e a preservação do meio ambiente, além da produção animal. Informamos aos produtores sobre a proibição da criação dessa espécie e mapeamos os municípios onde são registrados avistamentos. Além disso, os agricultores contam com o apoio dos nossos auxiliares administrativos em nossos escritórios”, explica.
Legislação e Manejo Sustentável
Dada a importância da suinocultura para Santa Catarina—o maior produtor e exportador de carne suína do Brasil, que alcançou um recorde de US$ 1,4 bilhão em exportações em 2022—foi sancionada a Lei nº 18.817, em 26 de dezembro de 2023. Essa legislação autoriza o controle populacional e o manejo sustentável do javali-europeu (Sus scrofa) em suas diversas formas e linhagens.
Proposta pelo deputado estadual Lucas Neves e sancionada pelo governador Jorginho Mello, a lei permite que o controle populacional do javali-europeu seja realizado por meio de caça, armadilhas ou outros métodos aprovados pelos órgãos ambientais competentes. Para tal, é fundamental que o proprietário, arrendatário ou possuidor do imóvel conceda a devida autorização. A secretaria de Agricultura (SAR), juntamente com o Instituto do Meio Ambiente (IMA) e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Economia Verde (Semae), está atualmente elaborando a regulamentação dessa nova lei.
Riscos Associados
A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) aponta diversas doenças transmissíveis como as principais ameaças: brucelose, doença de Aujeszky, doença exantemática dos suínos, estomatite vesicular, febre aftosa, gastroenterites transmissíveis, perdas neonatais epidêmicas transientes causadas pelo senecavírus A, leptospirose, raiva, encefalite pelo vírus de Nipah, Peste Suína Clássica, Peste Suína Africana, síndrome respiratória e reprodutiva dos suínos, e tuberculose. Muitas dessas doenças são zoonoses, podendo também afetar os seres humanos. Por esse motivo, é fundamental alertar a população—especialmente os controladores de javalis e os produtores rurais—sobre os riscos associados ao consumo da carne desses animais e à manipulação de suas carcaças.
Comunique Avistamentos de Javalis
Caso você aviste javalis, é essencial notificar as autoridades competentes, tais como:
- Secretaria municipal de Agricultura ou Meio Ambiente
- Unidade de Conservação mais próxima
- Polícia Ambiental ou Defesa Agropecuária Estadual (Cidasc)
- Órgão de extensão rural (Epagri)
É vital comunicar as autoridades, especialmente se houver danos agropecuários ou mortalidade natural entre os javalis.
Fonte: portaldoagronegocio