A seca no Amazonas é um fenômeno complexo, resultado de uma combinação de variáveis climáticas e ações humanas. Fatores como o desmatamento, mudanças no uso do solo e aquecimento global têm contribuído para a intensificação e frequência das secas. Dados históricos de estudos de clima realizados no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que, nos últimos anos, eventos de seca têm ocorrido com maior regularidade, afetando extensas áreas da bacia amazônica e causando preocupação entre ambientalistas e investidores.
A seca severa ocorrida em 2023 foi uma demonstração clara das mudanças climáticas, fazendo com que o pulmão do Brasil peça socorro. O desenvolvimento regional pagará uma conta alta por causa disso.
Soluções temporárias para garantir o escoamento da produção da região nos períodos de seca como a construção de terminais portuários flutuantes (temporários) poderão resolver parte dos danos em relação as cargas comuns, armazenadas em contêineres, mas não serão a solução final.
Os níveis dos rios ainda estão abaixo da média, o que tem causado uma série de problemas para a população e a economia da região. Para diminuir o impacto para a população empresas estão antecipando estoques o que significa aumento do custo e a população também está sendo orientada a estocar água, alimentos e medicamentos.
Com a redução no volume de água a navegabilidade das embarcações de grande porte como navios de linha que trazem do exterior cargas break bulk (o breakbulk (modalidade de transporte de carga que é içada e posicionada solta no porão da embarcação) ficará comprometida forçando o uso de meios de transporte alternativos, menos eficientes e mais caros. A dificuldade no transporte fluvial leva a atrasos significativos na entrega de materiais essenciais para a construção e operação de projetos de investimento.
O risco com a seca é que a demanda aumente para os transportadores de balsas mas que ficarão sufocados e não conseguirão atender cargas gerais e cargas de projeto atrasando projetos essenciais. A solução para empresas é já iniciar a contratação destes serviços para ter a disponibilidade em seus projetos.
Empresas que estão com projetos em fase de execução de obras, tem em sua programação receber entre o 2º semestre de 2024 e todo o ano de 2025 diversos equipamentos de grande porte que devem chegar do exterior. Operadores logísticos da região precisarão oferecer soluções que diminuam o impacto no custo logístico dos projetos, obrigando em parte das empresas interromperem ou até pararem suas obras por conta dos desafios logísticos.
Projetos essenciais ao desenvolvimento regional, como por exemplo a construção de termelétricas em Manaus onde o principal objetivo é fornecer energia ao sistema nacional para melhora da qualidade de vida da população estão na lista de possíveis projetos impactados.
Por Gustavo Valente, Ceo da Sinergy Advisors
Fonte: portaldoagronegocio