O mercado brasileiro de feijão começou a semana com movimentação regular, com destaque para a boa aceitação dos grãos de alta qualidade. De acordo com o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, os feijões extra, nota de cor 9, foram vendidos a R$ 270,00 por saca, enquanto os lotes com escurecimento lento, nota 9,5, alcançaram R$ 290,00. Essa alta demanda por produtos superiores demonstra um mercado concentrado na qualidade, embora o segmento de feijões comerciais tenha apresentado transações limitadas.
Oliveira apontou que a expectativa de chuvas em São Paulo gerou receios sobre possíveis impactos negativos nas colheitas, como manchas e brotamento dos grãos. Até o momento, mais de 10% da área de feijão do estado foi colhida, mas o produto ainda não está sendo comercializado em grandes volumes, o que tem restringido a liquidez no mercado. Em Minas Gerais e Goiás, a demanda registrou leve aumento, com compradores buscando alternativas devido à indisponibilidade momentânea de feijão paulista.
Durante a semana, a procura por feijões com escurecimento lento continuou robusta, com preços estáveis. No entanto, desafios logísticos surgiram, especialmente no beneficiamento de feijões com baixa umidade, que tendem a se quebrar durante o processamento, resultando em perdas para produtores e empacotadores. Isso dificultou a reposição de estoques de feijão com a qualidade necessária para atender à demanda. No final da semana, o ritmo das negociações permaneceu lento, com os compradores ainda adotando uma postura cautelosa e priorizando grãos de alta qualidade.
Embora o mercado continue bem abastecido com feijão de padrão superior, a escassez de feijão comercial tem limitado novas aquisições. A previsão de condições climáticas mais favoráveis em São Paulo nas próximas semanas pode facilitar a retomada das colheitas, mas as lavouras já afetadas pelas chuvas correm o risco de apresentar perda de qualidade, o que pode impactar o mercado a curto prazo.
Feijão Preto
O mercado de feijão preto, por sua vez, iniciou a semana com preços mais retraídos. As ofertas variaram entre R$ 240,00 e R$ 260,00 por saca, enquanto as pedidas para o produto nacional giraram em torno de R$ 290,00. O feijão importado da Argentina, por sua vez, estava acima de R$ 300,00 por saca, mas as vendas estavam estagnadas devido aos altos preços. A nova safra do Sul do Brasil tem pressionado os preços, que variam entre R$ 320,00 e R$ 330,00 para feijões de boa qualidade e entre R$ 240,00 e R$ 270,00 para os de qualidade inferior. Em São Paulo, as negociações foram dificultadas pela diferença entre oferta e demanda.
Nos estados do Paraná e Mato Grosso, os preços permaneceram estáveis, oscilando entre R$ 250,00 e R$ 270,00. A queda nos preços do feijão preto ajudou a ajustar a diferença em relação ao feijão carioca, e espera-se uma recuperação nas vendas no final do ano.
Exportações
As exportações brasileiras de feijão, na temporada comercial 2024/25, atingiram cerca de 216,16 mil toneladas entre janeiro e agosto, mais que o dobro das 92,74 mil toneladas exportadas no mesmo período da temporada anterior, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Esse crescimento das exportações ocorre em um cenário de enfraquecimento do mercado interno e queda no consumo doméstico.
Com o mercado interno enfraquecido, as exportações se apresentam como uma alternativa estratégica para os produtores brasileiros, garantindo maior liquidez e ampliando as possibilidades de comercialização, especialmente em um cenário de demanda interna restrita.
Fonte: portaldoagronegocio