Segundo estimativas a Agência Nacional de Águas (ANA), apenas 10% dos canaviais brasileiros são irrigados e por esse motivo, para colher uma área de aproximadamente 9,5 milhões de hectares, as Usinas e Produtores travam uma verdadeira guerra logística. De maneira geral, para não se perder produtividade, são colhidos primeiros os canaviais alocados em solos de menor ambiente de produção e em seguida os que estão em solos de melhor ambiente de produção.
Essa sistemática é adotada, pois os solos classificados como melhores em ambiente de produção possuem mais capacidade de armazenamento de água e por isso com maior probabilidade de manter a produtividade do canavial. Enquanto os solos classificados em piores ambientes de produção, por possuir baixa capacidade de armazenamento de água, levam a rápida queda na produtividade dos canaviais devido ao déficit hídrico, conforme ilustrado abaixo.
Figura 01. Queda de produtividade por ambiente de produção
Fonte: Netafim, adaptado de IAC e Verticana
No entanto, essa técnica não evita a queda de produtividade no meio e final de safra, apenas minimiza a sua perda.
Figura 02. Queda de produtividade época de corte
Fonte: Centro de cana – IAC
Devido a essa queda de produtividade nas condições de meio e final de safra, visando à melhor estabilização da produtividade e, com isso, menor ociosidade da indústria, muitas Usinas e Produtores de cana-de-açúcar vêm adotando técnicas de irrigação, entendendo que não podem ficar reféns das instabilidades climáticas.
Dentro dos sistemas de irrigação existentes no mercado, o sistema que mais se destaca é o sistema de irrigação por gotejamento. Devido à sua característica “SDI”, ou seja, enterrado, as perdas por evaporação, deriva por ventos e efeito “guarda-chuva” são praticamente inexistentes. Por isso, é considerado o método mais eficaz de utilização de água.
Além das inúmeras vantagens que a irrigação fornece, como aumento de produtividade, aumento da longevidade e possibilidade de aplicação de insumos, dentre outros, uma outra vantagem “oculta” na irrigação, e que poucas pessoas enxergam, é a possibilidade de aumentar a produtividade de sequeiro, apenas alocando o canavial, de sequeiro, em melhores ambientes de produção.
Por exemplo, no planejamento de instalação e plantio, os canaviais irrigados por gotejamento podem ser destinados para ambientes de produção mais desfavoráveis, pois, com a adição da irrigação, a produtividade tende a se manter, mesmo colhido em meio e final de safra. Nesse caso, não se depende da chuva e o fator de baixa capacidade de armazenamento de água pode ser corrigido pelo uso da irrigação. Com isso, os canaviais instalados em condições de sequeiro podem ocupar os melhores ambientes de produção e serem colhidos no início de safra, onde ainda há umidade nos solos e, portanto, maior potencial produtivo.
Figura 03. Manutenção da produtividade com irrigação por gotejamento por ambiente de produção
Fonte: Netafim, adaptado de IAC e Verticana
Desse modo é possível afirmar que a irrigação por gotejamento não é mais um simples produto para substituição de chuvas, mas sim, uma nova tecnologia de sistema de produção. Além de influenciar diretamente a área que está sendo utilizada, ainda influencia outros fatores do complexo cana-de-açúcar (agrícola, industrial e operação).
Fonte: portaldoagronegocio